sábado, 17 de maio de 2025


17 de Maio de 2025
ESTADO - Fábio Schaffner

Partidos costuram alianças e tentam isolar adversários para a eleição de 2026

Filiação de Eduardo Leite ao PSD, acordo entre PP e União Brasil e provável fusão de PSDB e Podemos anteciparam os movimentos das legendas no Rio Grande do Sul com vistas ao próximo pleito. PL, MDB e PT têm pré-candidatos a governador e tentam formar coalizações com outras siglas.

As recentes movimentações partidárias e a filiação do governador Eduardo Leite ao PSD antecipam as costuras para as eleições do ano que vem no Rio Grande do Sul. A partir da federação formada por PP e União Brasil, da provável fusão do PSDB com Podemos e da orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o PT reproduza nos Estados sua base de sustentação no Planalto, partidos e candidatos começam a buscar alianças e tentar isolar adversários.

Há ações em curso em quase todas as legendas. Enquanto o PL, de Luciano Zucco, e o MDB, do vice-governador Gabriel Souza, buscam apoio de partidos de centro-direita, o PT, de Edegar Pretto, aguarda definições de legendas como PSB, PDT e PSOL para 2026. Confira, a seguir, como estão as articulações. _

Zucco e Gabriel buscam apoios

No PL, o deputado federal Luciano Zucco busca sedimentar um palanque ao governo do Estado, atraindo o Republicanos, o Novo e a federação PP-União Brasil. Para tanto, Zucco passou a terça-feira percorrendo gabinetes na Assembleia Legislativa.

O objetivo é frear uma ação do governador Eduardo Leite, que, nas últimas semanas, tem agido para afiançar o apoio do Republicanos e da aliança PP- União Brasil à candidatura do vice Gabriel Souza (MDB) ao Palácio Piratini.

Nas conversas, Zucco lembrou que os partidos estiveram juntos na campanha de Onyx Lorenzoni em 2022 e que há um projeto nacional em torno das forças bolsonaristas visando 2026, seja com uma candidatura presidencial de Jair Bolsonaro, declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ou do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

- Lógico que estar no governo Leite tem vantagens, mas não tenho dúvidas de que PP e Republicanos estarão num projeto ligado ao PL em 2026. A conversa com os deputados faz parte dessa preparação - afirma Zucco.

Novo defende aliança ao centro

Sem intenção de lançar candidato ao Piratini, o Novo é o aliado mais próximo de Zucco atualmente. Precisando superar a cláusula de barreira em 2026, o partido prioriza o nome de Marcel van Hattem ao Senado e organiza nominata forte à Câmara dos Deputados.

No encontro com Zucco, o deputado estadual Felipe Camozzato reforçou a afinidade entre as duas legendas, mas pediu empenho na composição de uma aliança robusta, com especial atenção à centro-direita.

- Zucco estava surpreso com essa investida do governo sobre PP e Republicanos. Eu disse que, se ele quiser ganhar, precisa começar a falar com outros partidos e sinalizar mais ao centro, pois o voto bolsonarista ele já tem - conta Camozzato. _

PP enfrenta disputa interna

O principal alvo da cobiça de Zucco e de Gabriel é o PP. Com maior número de prefeitos e vereadores no Estado, a sigla detém duas secretarias no governo Leite e, a partir da federação com o União Brasil, será a segunda maior força da Assembleia.

Internamente, dois nomes tentam envergar candidatura ao Piratini: o ministro do Tribunal de Contas da União João Augusto Nardes e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo.

Enquanto incentiva os passos dos dois para movimentar o partido, o presidente estadual, Covatti Filho, tenta gerenciar um problema doméstico: o pai, o secretário de Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti, deseja fazer da esposa, a deputada estadual Silvana Covatti, candidata a vice de Gabriel. Em evento no início do mês em Frederico Westphalen, berço político da família, o casal garantiu apoio ao emedebista. A atitude obrigou Covatti Filho a desmentir os pais.

- Foi precipitado. Primeiro, precisamos construir unidade interna; depois, levar o tema para debater na federação - projeta Covattinho.

Constrangimento com o União

O entendimento é compartilhado com o presidente do União Brasil, Luiz Carlos Busato, que considera que o movimento diminui o cacife da federação nas negociações de uma aliança eleitoral.

Embora o peso político seja o maior atributo da nova federação, deputados do União Brasil, com medo de não se reeleger pela nova composição, foram a Brasília na semana passada conversar com a direção do Republicanos. Por outro lado, Busato tenta atrair o deputado federal Daniel Trzeciak, descontente com o rumo do PSDB após a saída de Leite. _

PT monitora PSB e PDT

Na esquerda, o principal foco de tensão está no PSB. Recém-eleita, a direção estadual da legenda está sob ameaça de intervenção. Alegando supostas irregularidades no congresso de 26 de abril, o grupo do ex-deputado Beto Albuquerque pediu providência ao comando nacional.

O pano de fundo é o rumo do partido em 2026. Alinhado a Lula no plano federal, o PSB já declarou apoio à reeleição do presidente e quer reproduzir a aliança com o PT no RS.

Nos bastidores, comenta-se que o prefeito de Recife, João Campos, que assume a presidência da sigla no fim de maio, pretende entregar o comando estadual a aliados de Beto.

Para tanto, seria necessário destituir a atual direção, cujos integrantes se distanciaram da esquerda gaúcha e mantêm cargos no governo Leite. A manobra também abriria caminho para a filiação de Manuela D?Ávila, que só deve definir seu futuro no final do ano, mas está disposta a concorrer a um cargo majoritário.

A movimentação é monitorada pelo PT. Com Edegar Pretto postulando o Piratini e Paulo Pimenta, o Senado, o partido realiza eleição para o comando estadual em junho. Favorito para a presidência, o deputado Valdeci Oliveira deseja replicar a coalizão com PSB e PDT, que deve dar suporte à reeleição de Lula, mas há resistências. O PSB só apoiará candidatura petista caso se confirme a intervenção do diretório nacional. No PDT, que aumentou seu espaço no governo Leite, o posicionamento é semelhante.

Internamente, correntes petistas mais à esquerda repudiam um discurso de centro. É o caso da Democracia Socialista (DS), que tem o deputado Miguel Rossetto como pré-candidato ao Piratini. Na tentativa de neutralizar essa postura, o deputado Pepe Vargas, também da DS, se lançou pré-candidato, mas tende a retirar seu nome mais adiante.

As forças majoritárias do PT, afinadas em torno de Pretto e Pimenta, trabalham para se aproximar do centro. O grupo entende que, há duas eleições sem chegar ao segundo turno, esse é o caminho para o êxito em 2026, mesmo que seja preciso abrir mão do apoio do PSOL.

PSOL não aceita suavização

Presidente do PSOL em Porto Alegre, Roberto Robaina diz que a legenda não aceita suavizar o discurso e quer espaço na chapa para apoiar um nome do PT. _

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