sexta-feira, 30 de maio de 2025

Comida, pessoas, reflexões,viagens e receitas memoráveis

O QUE COMI EM UM ANO

Jaime Cimenti

O que eu comi em um ano- e outras reflexões (Editora Intrínseca, 336 páginas, R$ 79,90), de Stanley Tucci, celebrado ator premiado de Hollywood, escritor, diretor e produtor, apresenta deliciosas histórias em forma de divertido diário, nas quais fala de comida, pessoas, filmes, reflexões sobre a vida, memórias sobre momentos da existência, dá dicas e receitas gastronômicas. No best-seller do The New York Times Sabor: Minha vida através da comida, Tucci tinha explorado a faceta gourmet de sua personalidade - e agora, nesta obra, desenvolve o tema de forma ainda mais pessoal.

Tucci dirigiu cinco filmes, atuou em mais de 70 filmes e inúmeras séries de televisão e dezenas de peças de teatro dentro e fora da Broadway. Já foi indicado para Oscar, Tony e Grammy e ganhou dois Globos de Ouro e seis Emmys.

Na abertura do livro, Tucci conta sobre sua viagem a Roma, onde gravou as cenas de Conclave, filme indicado a oito Oscars e vencedor da categoria Melhor Roteiro Adaptado. Pediu para a produção equipamentos de cozinha e uma tupperware que usaria para levar a comida feita por ele para o trabalho. "O serviço de bufê nos sets de filmagem, mesmo na Itália, geralmente é duvidoso" ensina Tucci, que é excêntrico e criterioso no trato com a comida.

Tucci mostra como a gastronomia, durante um ano, para o bem e para o mal, proporcionou experiências como acompanhar o cântico de freiras que administram um discreto restaurante frequentado por atores.

Os relatos apresentam casos interessantes sobre a vida em Hollywood, envolvendo nomes conhecidos do mundo do cinema, restaurantes tradicionais e encontros curiosos. As narrativas também acontecem em cenários da Itália, Nova York, Londres, Cornualha e outros locais, onde se entrelaçam experiências diálogos, convivências e degustações inesquecíveis.

Sua Alteza Imperial e Real Maria Antonia de Habsburgo Bourbon que morou e morreu em Porto Alegre (Edições 70, 48 páginas), do consagrado médico, articulista e escritor Franklin Cunha, narra a vida da princesa que fugiu da Áustria por causa da 1ª Guerra. Viúva, foi para a Espanha, depois para a Argentina e Porto Alegre, onde morreu muito pobre e de câncer. Narrativa precisa, pungente, com belas fotos.

Lampejos de bem-estar - Histórias em psicoterapia e psiquiatria (Artmed, 200 páginas, R$ 85,00), segundo livro do renomado psiquiatra e escritor Fernando Lejderman , traz novos relatos oriundos da rica vivência cotidiana com as dores, amores, alegrias, tristezas, impulsos, paixões, realizações e conquistas dos pacientes, que trata com escuta afetuosa e generosa humanidade.

Malina (Estação Liberdade, 352 páginas, R$ 94,00), romance clássico cult da austríaca Ingeborg Bachmann, conta a história de uma mulher envolvida com um homem introvertido e outro alegre. Em linguagem ousada e criativa, são tratados temas como relações de gênero, culpa, doença mental, escrita e traumas pessoais e coletivos, no contexto da II Guerra Mundial em Viena.

Moinhos de Vento visto do alto

Pelas janelas do último andar do Hilton Porto Alegre, onde fica a piscina e a academia de ginástica, se pode curtir uma maravilhosa vista de praticamente todo o bairro Moinhos de Vento, um dos mais históricos e importantes de Porto Alegre. Além da Praça Maurício Cardoso e dos jardins das casas remanescentes, no miolo do bairro não restaram muitas áreas verdes. Por sorte, na maior parte das ruas do Moinhos existem árvores frondosas, que sobreviveram às calamidades climáticas e dão a esta parte da cidade lindas visões.

Lá do topo do Hilton vemos que, por decisões corretas, o Parcão, com seus cerca de onze hectares, permanece como o grande coração e pulmão do Moinhos. Por sorte nosso mini Central Park está aí, impávido e recentemente revitalizado pela prefeitura. Especialmente nos fins de semana, é um dos espaços mais queridos, democráticos, livres, plurais e charmosos que temos em nossa cidade. A passarela que liga as duas partes do Parcão lembra um pouco as passarelas do Aterro do Flamengo, do Rio de Janeiro, e está pintada de azul e vermelho, criando um harmonioso grenal.

Do alto do Hilton é possível ver várias obras em andamento no bairro e com alegria dá para ver que, especialmente quanto às últimas, houve respeito ao patrimônio histórico e cultural de um bairro que, na verdade, pertence a todos os porto-alegrenses, rio-grandenses, brasileiros e estrangeiros que aparecem por aqui para trabalhar, passear ou visitar amigos e parentes. Antigas casas, mansões e palacetes foram mantidos e assim o antigo e o novo convivem com beleza e harmonia.

Do alto do Hilton se observa a Padre Chagas, com seus aproximados 600 metros de comprimento e cento e alguns anos de existência. Essa mini Rua da Praia antiga segue adiante, com menos movimento do que antes e algumas lojas vazias, mas mantendo-se viva, junto com a Dinarte Ribeiro, que nos últimos anos tornou-se relevante polo gastronômico, social e comercial.

O Moinhos visto do alto mostra ainda mais a beleza das casas geminadas da Félix da Cunha e das árvores, que dão um aspecto londrino ou alemão ao quarteirão. No início da primavera, lá de cima a Félix fica parecendo um rio florido. Lá em cima é o melhor lugar para desejar que o bairro siga vivo, antigo, moderno e acolhedor, conciliando os valores do passado com a adequada modernidade. Águas passadas movem o novo Moinhos, mas com suavidade e respeito ao patrimônio histórico e cultural. O Moinhos se reinventa com categoria, com novos cafés, sorveterias, restaurantes, lojas e serviços. O Moinhos é um mini Leblon, um mini Jardins de São Paulo e os novos prédios estão aí para mostrar que o bairro tem um ótimo futuro pela frente.

Visto do céu, o Moinhos transpira eternidade e permanência, como os lindos prédios da Associação Leopoldina Juvenil e do Grêmio Náutico União. Lá de cima o tempo do Moinhos é ainda mais elegante, silencioso e compassado do que nas ruas arborizadas.

A propósito

Com a vista aérea do Moinhos de Vento a gente se sente mais leve e pode fazer voar os pensamentos e as sensações com segurança, sem os medos chatos de aviões ou helicópteros. Para viajar ainda mais e melhor pelo bairro, recomendo os magníficos livros Moinhos de Vento - Memória e Reconhecimento, de Gilberto Domingues Werner, e Moinhos de Vento - Histórias de Um Bairro de Porto Alegre, de Carlos Augusto Bissón. Ah, lá de cima dá para ver os jardins do Dmae, que é tipo uma França econômica, sem passaporte e paisagem cara. 

Jaime Cimenti

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