sábado, 31 de maio de 2025



31 de Maio de 202
MERCADO - Paulo Rocha

Caixa diz que financiamentos imobiliários estão "normalizados"

Correspondentes bancários e corretores confirmam melhora, mas relatam ainda alguma dificuldade em faixas subsidiadas do Minha Casa, Minha Vida.

Profissionais que trabalham no ramo imobiliário e dependem de financiamentos via Caixa Econômica Federal para fechar negócios falam em "normalidade" nas transações, após meses de angústia no final de 2024. A falta de dinheiro registrada pelo banco, em razão de problemas na fonte dos recursos - a poupança e o FGTS -, foi contornada, segundo correspondentes bancários e corretores de imóveis consultados por Zero Hora. Mas restam ainda queixas sobre demora referentes a linhas específicas do programa Minha Casa, Minha Vida, que dependem de subsídios governamentais.

Especialistas apontam dois fatores para a redução dos recursos naquele momento. A queda dos depósitos da poupança (em razão da alta na taxa de juros) e a ampliação do prazo de vencimento das letras de crédito imobiliário (LCI). Em fevereiro de 2024, o Conselho Monetário Nacional estendeu de três meses para um ano o vencimento dos papéis.

- Isso afugentou alguns investidores, principalmente aqueles que tinham baixos recursos ou tempo - explica o economista José Antônio Ribeiro de Moura, professor da Feevale.

A poupança demonstrou pequena recuperação em abril deste ano, mas segue perdendo investidores.

Prazo de 30 dias

Responsáveis por intermediar o financiamento imobiliário entre compradores e a Caixa Econômica Federal, correspondentes bancários afirmam que o momento é positivo para os clientes.

- Já começou a normalizar bastante - afirma Vasconcelos.

Os correspondentes calculam que as transações com a Caixa se confirmem em cerca de 30 dias, a partir da aprovação do crédito. O prazo inclui a vistoria do imóvel, a elaboração do contrato, o registro do imóvel e a liberação do dinheiro. Em Porto Alegre, pode demorar uma ou duas semanas a mais, dependendo da zona responsável pelo registro do imóvel. No ano passado todo o processo chegou a levar mais de três meses, segundo relatos.

Eu perdi financiamentos habitacionais por causa daquela demora da Caixa - diz a correspondente Lúcia Helena Paim.

Procurada, a Caixa evita dar detalhes sobre valores ainda disponíveis para a concessão de crédito imobiliário. Em nota, afirma que "as contratações ocorrem dentro da normalidade". _

Subsídio gera atrasos em programa federal

O guarda-chuva que forma o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) reúne recursos da poupança e do FGTS. Para 2025, o Conselho Curador do FGTS aprovou orçamento de R$ 126,8 bilhões para habitação no país, ante R$ 105 bi em 2024.

A região sul do Brasil ficou com R$ 19,5 bilhões.

Porém, uma parte do sonho da casa própria pode depender de subsídios do governo federal. É o caso de quem busca adquirir um imóvel enquadrado nas faixas 1 e 2 do Minha Casa, Minha Vida, para pessoas com renda mais baixa. Segundo correspondentes, sem o valor a Caixa não libera a sua parte do financiamento, emperrando o negócio. O subsídio é calculado conforme a renda da família e o valor do imóvel. Citado por correspondentes como gestor desse subsídio, o Ministério das Cidades nega problemas. Porém, ainda há relatos de demora na liberação dos subsídios.

- Tenho um cliente que está há cinco meses esperando. O subsídio que ele aguarda é de apenas R$ 480 - relata um correspondente bancário de Porto Alegre que, por receio de afetar a relação com as instituições financeiras, prefere não se identificar. 

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