quinta-feira, 29 de outubro de 2015



29 de outubro de 2015 | N° 18339
EDITORIAIS

MANOBRA CORPORATIVISTA


A manobra dos parlamentares gaúchos para livrar o deputado Diógenes Ba- seggio (PDT) da cassação, depois da comprovação das irregularidades por ele cometidas, reforça a suspeita de que o investigado pode ter cometido delitos que não são tão raros. A sensação generalizada é de que, ao reter parte dos salários de servidores do gabinete e contratar funcionários fantasmas, o deputado pode ter aderido a uma prática que não tem a marca da excepcionalidade. 

Isso não significa que todos os integrantes da Assembleia cometam irregularidades e nem mesmo que façam parte de uma maioria. Mas não há como não se indignar com a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A comissão encarregada de levar adiante o processo contra o parlamentar, acusado de ser pelo menos conivente com crimes cometidos por assessores, contrariou as expectativas de quem esperava uma punição exemplar. 

O caso transformou-se num imbróglio legal. Depende agora de outro relator, que já antecipou seu entendimento. Ciro Simoni, do mesmo partido do investigado, informou que seu voto não será pela cassação, mas pela suspensão por 90 dias. Mais uma vez, o corporativismo prevalece, certamente porque o político está sendo julgado por colegas constrangidos com a tarefa assumida.

O constrangimento maior é o percebido pela sociedade. Deputados que decidem poupar o mandato do colega flagrado em delito não podem se sentir imunes à suspeita de que compartilham de atitudes semelhantes. Se não for assim, ainda haverá tempo de reverter a frustração com a decisão da CCJ. Não é possível que o parlamento gaúcho continue abrigando tanta hipocrisia.