quinta-feira, 13 de junho de 2019



13 DE JUNHO DE 2019

+ ECONOMIA


JANELA PARA O BANRISUL


Não é coincidência que o fato relevante sobre a venda das ações que excedem o controle do Banrisul tenha sido publicado no momento em que se especula que a bolsa de valores possa voltar a tocar o nível de 100 mil pontos uma janela de oportunidade. Em 2018, depois de ensaios, operações de oferta de papéis do banco e de sua subsidiária de cartões (Vero) tiveram de ser abortadas diante de um mercado com baixo apetite.

Consultados pela coluna, dois executivos ligados à operação afirmam que a data para a oferta não foi definida. No Piratini, o recado é de que não há sequer aprovação final. Também não estaria definido o desenho final. Mas já se avançou nas etapas prévias de avaliação e seleção dos coordenadores da oferta, ou seja, os bancos que vão assessorar o governo do Estado na operação. A coluna apurou que o processo está adiantado e vem sendo preparado desde o início do ano.

A interlocutores, o governador Eduardo Leite voltou a assegurar que os recursos obtidos não serão consumidos para pagar despesas correntes, como folha de pagamento e manutenção de serviços públicos. Admite, porém, "quitar passivo", ou seja, pagar dívidas. E lista entre os "passivos" despesas de custeio não pagas de anos anteriores.

No processo de debate da oferta de ações do banco público gaúcho, Leite já chegou a admitir que os recursos poderiam ser usados no custeio. Tem reafirmado, porém, que "todas as nossas iniciativas estão articuladas em um plano robusto de reestruturação fiscal do Estado".

Isso significa que não há "previsão de uso em custeio" nem com os recursos obtidos com a operação do Banrisul, nem com o dinheiro resultante da privatização de CEEE, CRM e Sulgás. Leite ainda pondera que, embora tenham sido dados os passos de uma "eventual futura operação", sua confirmação se dará "somente mais à frente". Como a coluna tem insistido, usar o Banrisul como caixa automático, ou seja, como fonte de socorro financeiro para os problemas imediatos do Estado, é um grande risco para as finanças públicas.

PEDAL VIRADO

O suspense criado para o anúncio de pagamento de R$ 3 bilhões da Caixa Econômica Federal ao Tesouro Nacional sugere que a pauta seria ambiciosa, mas "encolheu" no caminho. É mais um capítulo da devolução de recursos destinados a bancos públicos entre 2007 e 2013, nos governos do PT. É pouco perto dos R$ 309 bilhões já devolvidos pelo BNDES entre 2015 a 2018.

Cinco instituições financeiras ainda têm de pagar, nas contas do Ministério da Economia, R$ 83,3 bilhões (gráfico). Nem tudo será quitado neste ano. Da Caixa, deve entrar metade do que falta. De volta aos cofres públicos, os recursos serão usados para reduzir a dívida pública federal, elevada com a aprovação do crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões.

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A EXCLUSÃO DE ESTADOS E MUNICÍPIOS DO RELATÓRIO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA É PRESSÃO PARA QUE GOVERNADORES CONTRIBUAM COM VOTOS SUFICIENTES PARA APROVAR AS NOVAS REGRAS E QUE AS DUAS ESFERAS VOLTEM À PEC NA DISCUSSÃO EM PLENÁRIO. AINDA ASSIM, ONTEM A BOLSA RECUOU 0,65% E O DÓLAR SUBIU 0,47%.

MARTA SFREDO

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