terça-feira, 18 de junho de 2019


18 DE JUNHO DE 2019
VATICANO

Vaticano cogita ordenar homens casados para regiões remotas

O Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, que será realizado em outubro no Vaticano, discutirá a possibilidade de ordenar homens casados e mulheres para regiões remotas, informou ontem a Santa Sé. Trata-se de uma abertura sem precedentes na história da Igreja e que foi citada por alguns religiosos da região amazônica em documento oficial de trabalho sobre o assunto, o "Instumentum Laboris".

O texto vai servir de base para os debates dos chamados "padres sinodais" que participarão do encontro que será realizado no Vaticano de 6 a 27 de outubro.

O documento, publicado ontem pela assessoria de imprensa do Vaticano, que leva o título "Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral", publicado em três idiomas (espanhol, italiano e português), é composto por 147 pontos divididos em 21 capítulos e três partes.

"O celibato é uma dádiva para a Igreja, pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã", diz o texto.

O objetivo é debater em substância a questão do celibato, instituído a partir do século X, e que obriga os padres a permanecerem castos. Com esse debate histórico para a igreja, o papa Francisco quer dar uma resposta ao que ele chama de ecologia integral: "o grito da terra e dos pobres".

Considerado o pontífice mais sensível aos problemas ecológicos após a publicação em 2015 da encíclica "Laudato Sí", o papa argentino convocou a assembleia de bispos sobre a Amazônia, a fim de proteger os povos dessa região que abrange nove países e considerada o pulmão do planeta.

Além da abertura a homens casados com funções sacerdotais, a Igreja Católica também quer refletir sobre o papel das mulheres nas áreas remotas e inacessíveis, um dos temas prioritários do pontificado de Francisco. O documento pede uma análise da possibilidade de criar "novos ministérios para responder de modo mais eficaz às necessidades dos povos amazônicos".

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