quarta-feira, 1 de novembro de 2023



01 DE NOVEMBRO DE 2023
INFORME ESPECIAL

Desde quando ter 60 anos é ser velho?

Eles têm razão. Amigos que nasceram algumas décadas antes de mim não se conformam com essa história de chamar de "idoso" quem faz 60 anos. O conceito mudou. Até mesmo o ato de envelhecer se transformou. E o Rio Grande do Sul, como você já sabe pelos resultados do censo, assumiu a dianteira nesse processo, com o maior percentual de cabeças brancas (ou tingidas, vá lá) do país.

Nunca se falou tanto disso. Se você está nas redes sociais, é possível que já os tenha visto: há uma legião de influenciadores digitais que conquistaram milhares de seguidores falando sobre envelhecimento, mas de um jeito diferente. É gente que critica os estereótipos ultrapassados que teimam em resistir e reforçar rótulos.

Quem disse que alguém, apenas por cruzar a linha dos 60 anos, não pode mais namorar, estudar, aprender uma nova língua, realizar sonhos, tentar uma carreira ou viajar pelo mundo? Onde está escrito que se aposentar é desistir da vida?

"Velho" não deveria ser um termo pejorativo, mas virou palavrão - como escreveu o Nílson Souza, a palavra "expressa algo ou alguém que já não serve mais". É no mínimo um disparate, quando se sabe, segundo projeções oficiais, que a turma dos 60+ vai representar nada menos do que 30% da população mundial em 2050 - aqui no Estado, já são mais de 20%. Os incautos seguirão disseminando preconceitos descabidos por aí?

Envelhecer, avisa a doutora Margareth Dalcolmo, "merece mais do que respeito".

É preciso mudar um monte de coisas, desde repensar as cidades e a estrutura de saúde até engrenar uma mudança de cultura. Se for só para bonito, não adianta se definir como "age-friendly" (mais um desses modismos em inglês que os brazucas adoram porque parece mais "cool"). Se tudo der certo, todo mundo vai passar dos 60 um dia.

É de Helena Stainer o quadro da escritora Cíntia Moscovich (ao lado) na exposição Autorias, em cartaz na Feira do Livro da Capital. Escritora, jornalista, colunista de ZH e professora "anti-clichês", Cíntia foi patrona da festa em 2016. Ela costuma contar que se tornou escritora por um comentário da mãe, que um dia veio com essa:

- E tu, ao invés de ser comerciante ou advogada, inventou essa coisa de escrever!

Fast Heroes

A prefeitura de Sapucaia do Sul adotou o projeto Fast Heroes 192 nas escolas. A ideia partiu da equipe de cuidado ao AVC da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas e da Iniciativa Angels, que atua para reduzir as mortes pela doença no mundo. O projeto tem as crianças como aliadas na identificação dos primeiros sintomas. Para levar o tema às salas de aula, educadores de 24 colégios municipais passaram por treinamento. A meta é ensinar 4 mil alunos, até o fim do ano, a reconhecer casos suspeitos e pedir atendimento de urgência.

JULIANA BUBLITZ

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