sexta-feira, 18 de dezembro de 2015


18 de dezembro de 2015 | N° 18389 
MOISÉS MENDES

Operação Paulo Francis


Em setembro, prometi que não mais falaria de Pedro Barusco, o ladrão avulso da Petrobras, enquanto as autoridades não oferecessem novidades sobre o seu caso. Para relembrar aos leitores, minha decisão foi inspirada em sentença de um juiz de Teresina, segundo a qual o jornalismo não pode se repetir com notícias velhas.

O juiz decretou que jornalistas devem lidar apenas com notícias fresquinhas. O magistrado favorecia um sujeito envolvido num assassinato insolúvel que se repetia como notícia.

O entendimento do juiz foi derrubado no Supremo, mas decidi seguir seus ensinamentos. Não mais falaria do caso Barusco, para não me repetir e não incomodar seu fã-clube.

Pois fiquei sabendo ontem que a Polícia Federal finalmente está investigando os rolos da Petrobras no período tucano, até agora intocado. É uma notícia nova. Chama-se Operação Sangue Negro. Deveria ser rebatizada como Operação Paulo Francis.

Só o que se sabia do tempo sem máculas dos tucanos é o que Paulo Francis havia dito em 1997 – que roubavam na Petrobras. Mas Francis foi processado pelos suspeitos, morreu e nada se investigou.

Só recentemente ficamos sabendo, pela Lava-Jato, que Barusco era um dos ladrões que atuavam exatamente desde 1997. Roubou durante pelo menos seis anos de governo do PSDB, mas sempre como avulso.

Barusco é réu confesso. Contou o que fazia na Petrobras, delatou comparsas, foi condenado, liberado e se espicha numa cadeira na praia particular de Angra, no Rio, com uma tornozeleira que não deve incomodá-lo.

Recebia propina da empresa holandesa SBM, prestadora de serviços para a Petrobras, agora sob investigação da PF. Mas atuava sempre como ladrão tucano suelto, sem comando, e ficava com todo o dinheiro.

Assim, o gerentinho juntou US$ 97 milhões na Suíça. Com seus quase R$ 400 milhões, é o maior fenômeno mafioso da história da humanidade. Todos os corruptos da Petrobras tinham quadrilhas fechadas, com os corruptores das empreiteiras, os articuladores políticos em cada partido e os emissários dentro da empresa. Todos pegavam e distribuíam propinas. Menos Barusco, avulso e egoísta.

Tucanos repetem que, no tempo do PSDB, a corrupção era muito desorganizada. Que talvez até roubassem, mas sem método, sem gestão. Tucanos são bichos estranhos. Tudo no mundo deles sempre é organizado, menos a corrupção. A Polícia Federal tem a missão de mostrar até que ponto essa pilantragem era mesmo amadora.

O jornalismo agradece por voltar a falar de Barusco. Espero que a PF me ofereça notícias fresquinhas, para que se dê um fim à farsa do ladrão avulso. Quero saber os nomes das aves da quadrilha do gerente nos tempos do PSDB. Se não souber, desistirei para sempre do caso Barusco.