domingo, 27 de dezembro de 2015


Jaime Cimenti

Natal 2015


Conta-se que a lendária escritora Dorothy Parker havia tomado mais um de seus porres. Era noite de Natal e, sozinha em seu apartamento em Nova Iorque, encarou o crucifixo e falou para Jesus: "Oh, meu, dá ao menos um sorriso, hoje é o dia de seu aniversário!" Essa historinha retrata um pouco este Natal chocho deste anozinho "horribilis" de 2015 que não vai deixar saudades, já vai tarde, vai, vai! Muita crise, muito baixo-astral político-econômico, poucos Papais Noéis, lembrancinhas, presentinhos e luzes e árvores mesmo, para valer, só em Nova Iorque, Paris, Gramado e outras cities. A coisa está osca. Tem cachorro falando para economizar dono.

Me disseram que fim de semana passado, aqui na maravilhosa Banca 40, na Padre Chagas, que graças a Deus vai muito bem, três moças aceitaram pedidos de casamento brindando com salada de frutas, tamanho pequeno, sem açúcar, nata ou sorvete, mais barato. Devido à crise, elas aceitaram as propostas por amor, sem envolvimento financeiro, que a grana anda curta para todo mundo. Bom, aí é até o lado simpático da crise, o amor em primeiro lugar. O amor é lindo. Quem pode ser contra? Uma cabana e um amor. Quem mentiu que os melhores amigos das mulheres são os diamantes?

Chato ficar falando isso, mas fazia muito tempo que eu não via um Natal tão meia-boca. Mas a querida prima Loiva Jardim Machado, uma guria lépida e faceira de 91 anos, dia 1 de dezembro, como faz há décadas, enviou cartões de Natal com sua letra caprichada e, assim, mais uma vez, salvou, manteve vivo o espírito de Natal e a pátria. Nem tudo está perdido. Longa vida para ti, Loiva! Deus siga te iluminando!

Melhor pensar que o Natal, o espírito natalino, o amor cristão e tal estão dentro da gente, que não é imprescindível a orgia natalina externa. Nós somos a árvore, o peru, os presentes, o Noel, o amor que tem que continuar, apesar desse mundo instável, terrorista, materialista e outras coisas que não quero falar agora. Nesta hora, melhor tocar as canções do lado A do CD ou do DVD do Planeta e deixar as do lado B para outra hora. Fim de ano, momento de dar uma trégua. Perdoar até os imperdoáveis. Está bem, não precisa esquecê-los, você é demasiado humano, como todos nós. Mas perdoa, vai. Melhor para ti, para todos, para o planeta, que precisa de energias boas.

A canonização da Madre Teresa de Calcutá foi um belo presente de Natal. Ela nem pediria isso. Nem precisava. Foi Santa na vida, na terra, uma gigante da caridade. Um presente de Deus para a humanidade, assim como São Francisco de Assis, agora mais valorizado no Vaticano, pelo Papa Francisco. 

E como Deus é brasileiro, a Madre foi canonizada por um milagre ocorrido aqui no Patropi. Vamos pedir milagres políticos e econômicos para a Madre. Haja medalhinhas. Ela e Nossa Senhora Aparecida com milagres e os Irmãos Maristas ajudando a administrar o Brasil seria bom.

A Madre Teresa dizia que, quando a gente tem contato com alguém, é bom sair dele melhor do que quando chegou. Helder Câmara disse que gostaria de ser o reflexo da lua na água da sarjeta. Natal somos anjos de uma asa só, sem o outros, nada de voo.
a propósito...

Então é Natal! Ao invés de só ficar reclamando de consumismo, da crise, do Natal e de ficar gastando latim e troco em bares por aí, melhor dar a mão, um abraço, um presente, um sorriso, o que quiser, para quem quiser, para o seu Natal e o dos outros ficar melhor. Gestos simples, cotidianos, pequenas ações. Nada contra bar, café, restaurante. 

Nada contra presentes para você mesmo. Mas nós somos o dia, a noite, a ceia, a estrela, as crianças, os velhos, o silêncio e os sinos, os presentes e os ausentes, a harmonia, a paz, a alegria e o perdão que devem pintar, ao menos por uns minutos, no aniversário de Jesus, que pediu tão pouco e nos deu tanto. Feliz Natal!
Jaime Cimenti