sexta-feira, 15 de janeiro de 2016



15 de janeiro de 2016 | N° 18415
T1RÂNSITO

A FREEWAY SATUROU?


MOVIMENTO NO FERIADO de Ano-Novo levantou dúvidas sobre como solucionar os picos de congestionamento


Não é só impressão: a freeway engarrafou mais nos dois últimos feriados de 2015 e no primeiro final de semana de 2016 do que em mesmos períodos de anos anteriores. Apenas nos dias 30 e 31 de dezembro, foram pelo menos 28 horas de tranqueira ou movimento intenso, o maior período desde 2012 – data a partir da qual a Concepa, empresa privada que administra a rodovia, divulga dados.


A concessionária e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atribuem os congestionamentos à maior demanda pelo trecho – em razão da crise e da alta do dólar, que desencorajam viagens longas e levam mais gente a fazer bate-e-volta à praia – e à falta de planejamento dos viajantes para evitar horários de pico.



– O problema não é a estrada, mas, sim, o comportamento dos motoristas – resume Alessandro Castro, chefe da Comunicação da PRF no Estado.



Apesar das orientações de Concepa e PRF para buscar horários alternativos, a rodovia operou no limite em diversos momentos – a capacidade é de 85 carros por minuto –, o que causa lentidão e maior risco de acidentes. Houve, ainda, aumento no número total de carros que cruzaram a freeway em direção às praias no Réveillon: 142 mil, um acréscimo de 7,5% sobre os 132 mil do mesmo feriado do ano anterior.



– Com o dólar no atual valor e o feriado em véspera de final de semana, muita gente optou por ir ao litoral gaúcho. E não teve jeito: em alguns momentos, a estrada parou – afirma Thiago Vitorello, diretor-presidente da Triunfo Concepa.


Parte dos engarrafamentos decorrem de acidentes ou falhas de manutenção – que levam os demais carros a parar, desviar ou dar espaço para o serviço de emergência. Em 2015, houve 32 mil emergências mecânicas na freeway, sendo 2,2 mil no período de Ano-Novo – 600 a mais do que em 2014. A maioria causada por problemas evitáveis: falta de água no radiador, óleo baixo, estepe murcho e até falta de gasolina.

MEDIDAS RECENTES AINDA NÃO FORAM SUFICIENTES PARA ATENDER A DEMANDA

Nem a conclusão da quarta faixa entre a Capital e Gravataí, em dezembro – obra de R$ 160 milhões – eliminou o arranca e para nas proximidades do pedágio. Para tentar escoar o volume de carros, a administradora libera desde 2013 o acostamento para tráfego em Santo Antônio da Patrulha e tenta agilizar o pedágio permitindo a circulação de cobradores entre os carros que aguardam realizar o pagamento. Na opinião de especialistas, ajudou, mas não resolveu.

– Se todo mundo sai ao mesmo tempo para a praia, nem todo o esforço para escoar o trânsito vai impedir engarrafamentos – explica o professor da graduação em Engenharia Civil da Unisinos, João Hermes Nogueira Junqueira. – E, à medida que muita gente comprou seu primeiro carro nos últimos anos, é de se esperar que o trânsito fique cada vez mais intenso na freeway se nada for feito para organizar essa demanda.

A liberação do acostamento para circulação é uma solução temporária vista com agrado pelo especialista. Como essa opção ocorre quando há maior fluxo, em velocidades abaixo do limite, o risco de acidentes graves cai. Além disso, há refúgios para emergências.

– Em termos de segurança, é preferível você liberar o acostamento do que deixá-lo suscetível a algum motorista “esperto” dirigindo por ali – afirma Junqueira.

erik.farina@zerohora.com.br