quinta-feira, 28 de janeiro de 2016



28 de janeiro de 2016 | N° 18428
EDITORIAL

O RANKING DA CORRUPÇÃO

A queda do Brasil no ranking de percepção da corrupção, elaborado anualmente pela ONG Transparência Internacional, merece uma interpretação mais criteriosa do que o simples estarrecimento. Quanto mais para baixo no ranking estiver o país, pior é a sua situação em relação a desmandos, fragilidade de controles e outros aspectos que favorecem atividades corruptas. Pois, em meio aos desdobramentos da maior investigação sobre corrupção no país, o Brasil caiu do 69º lugar em 2014 para o 76º em 2015. É a pior posição desde 2008 e a maior queda entre todas as 168 nações pesquisadas.

Parece paradoxal, mas os próprios analistas do estudo informam que foi exatamente a Operação Lava-Jato que levou o país a cair sete posições. Não cabe discutir os critérios da organização que faz o levantamento, mas os brasileiros devem considerar, ao lado do constrangimento de ver o país tão mal colocado neste ranking de integridade, que a investigação sobre o escândalo da Petrobras aponta para um futuro mais saudável. A queda no ranking acaba por expor, ao mesmo tempo, a dimensão da corrupção no Brasil e a capacidade de mobilização das instituições para combatê-la.

Seria uma ilusão aspirar a melhorias significativas no posicionamento brasileiro, a ponto de nos colocarmos ao lado de nações como Dinamarca, Finlândia, Suécia, Nova Zelândia e Holanda, as cinco menos corruptas do mundo. Mas é razoável que se deseje que o Brasil deixe de estar muito abaixo de vizinhos como o Uruguai, na 21ª colocação, e o Chile, na 23ª. 

Os resultados da guerra aos que corrompem e aos que são corrompidos podem levar à concretização desse desejo. Pela primeira vez, em grande escala, o país identifica corruptores organizados em quadrilhas, muitos dos quais já julgados, condenados e presos. Além disso, é preciso fazer com que, a partir de providências concretas, o Brasil evite que esquemas delituosos se repitam, especialmente os que se alimentam da promiscuidade entre os políticos e os fornecedores de serviços para os governos.