quarta-feira, 19 de dezembro de 2018


19 DE DEZEMBRO DE 2018
NÍLSON SOUZA

A curiosidade como ofício


Elas e eles são exploradores. Encaram sem hesitar o desafio de ir aonde ninguém mais foi, mesmo que seja perigoso, apenas para contar o que viram e sentiram, de modo que outras pessoas possam compartilhar a experiência do conhecimento sem correr riscos.

Eles e elas são curiosos. Gostam de desvendar mistérios, de descobrir segredos, de investigar comportamentos, para compartilhar com outros seres humanos que precisam dessas informações para entender como o mundo se move e para se posicionar melhor sobre ele.

Elas e eles são intrometidos. Vão aonde não são chamados e até mesmo aonde não são desejados, com o propósito de levantar a cortina que encobre malfeitos, trapaças e enganações, conscientes de que os cidadãos precisam saber a verdade para agir sobre ela.

Eles e elas são inovadores. Têm especial atração por tudo aquilo que ocorre fora da normalidade, pelo inusitado, pelo insólito, pois sabem que um dos desafios do seu ofício é decifrar os enigmas do cotidiano e apontar saídas para os labirintos da existência.

Elas e eles são determinados. Quando sentem o doce perfume de uma notícia, perseguem-na como um cão farejador segue os rastros de sua caça, até que os indícios se transformem em fato suficientemente crível para ser levado ao público em toda a sua integridade.

Eles e elas são céticos. Desconfiam das versões oficiais, buscam outras narrativas e ouvem todos os personagens de uma história antes de transformá-la em notícia, a obra-prima fugaz deste ofício que o escritor García Márquez definiu como incompreensível e voraz.

Elas e eles são independentes. Sabem que a profissão escolhida exige, acima de tudo, lealdade para com o público, representada pela vigilância sobre os poderosos e por compromisso com os direitos de todos, com as liberdades individuais e com a democracia.

Eles e elas são apaixonados. Pela profissão, pela vertigem da descoberta, pela magia de surpreender e ser surpreendido, pelo prazer de contar histórias e constatar que as pessoas querem ouvi-las, pela busca incessante da verdade, pelo exercício permanente da objetividade, da precisão e da ética, pela convicção de que estão contribuindo de alguma forma para melhorar o planeta e a vida de seus tripulantes.

Eles e elas são repórteres, base e essência do jornalismo.

Os melhores do jornalismo gaúcho em 2018 serão conhecidos hoje e reconhecidos pela Associação Riograndense de Imprensa, que entrega o 60º Prêmio ARI de Jornalismo no auditório da Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

Serão premiados, também, artistas gráficos, fotojornalistas, chargistas, cronistas e estudantes de Comunicação que se destacaram durante o ano, produzindo conteúdos jornalísticos de qualidade e de grande interesse para o público. Tive a oportunidade de avaliar alguns desses trabalhos e me senti muito orgulhoso da profissão que escolhi.

NÍLSON SOUZA

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