quinta-feira, 20 de dezembro de 2018


20 DE DEZEMBRO DE 2018
ARTIGOS

RISCO DE RETROCESSO


Dez anos depois de o parlamento estadual aprovar lei de nossa autoria, retirando a bebida alcoólica dos estádios de futebol, o assunto volta ao debate e sofre um revés.

Já argumentei muito sobre o tema e, como autor do projeto, alguns imaginam que preciso proteger o texto da lei. A lei não foi forjada a partir de especulação teórica preconcebida. Ela surgiu da necessidade de se propor algo, em nível regulador, reativo a uma preocupante realidade estatística, qual seja: a correlação proporcional e direta entre bebida alcoólica nos estádios e violência.

A retirada das bebidas alcoólicas trouxe um pouco mais de civilidade aos espetáculos esportivos. Além de vermos mais crianças e mulheres, a lei trouxe tranquilidade às famílias que simpatizam com o futebol.

A lei garantiu que, ao menos na duração do jogo de futebol, todos possam se concentrar no espetáculo, pois foram despotencializados, e muito, os riscos ao seu redor. O período, dentro do estádio, sem poder consumir álcool, tem garantido maior lucidez e, o que é elemento mais que relevante, menos violência.

O argumento dos clubes que desejam o retorno das bebidas é essencialmente econômico. Eles ganham mais dinheiro com a comercialização durante os jogos.

A família do jovem que perdeu a vida no estádio ou a mulher que ficou tetraplégica porque alguém, embriagado, caiu sobre ela certamente não pensam que o fator econômico seja o mais importante para que se entenda a complexidade da questão. Devemos respeitar opiniões, mas precisamos trabalhar com dados reais.

Penso que o comando da Brigada Militar, que atua diretamente nos jogos, desde antes de 2008, deve ser o primeiro a ser ouvido, dizendo se, de fato, houve redução da violência durante e após os jogos. Revogar a Lei 12.916/2008 é um grande retrocesso.

Prefeito de Cachoeirinha, autor da Lei 12.916/2008 | mikibreier@hotmail.com - MIKI BREIER

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