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25 DE MAIO DE 2020
ARTIGOS

QUANDO FICÇÃO E REALIDADE SE CONFUNDEM

O século 21 não está para brincadeira. Passamos pela bolha da internet (2000), o atentado de 11 de Setembro (2001), o colapso financeiro mundial (2008) e agora, o coronavírus (2020). Isso só para citar os principais eventos de escala global sem falar das nossas crises domésticas, que não têm sido poucas. Quem não tem pelo menos 75 anos de idade não vivenciou uma guerra mundial ou muito menos a crise de 1929, que, na minha opinião, são os eventos comparáveis com a atual pandemia sob o prisma de potencial efeito devastador na economia.

Obviamente que outras questões não são comparáveis, como, por exemplo, as milhões de mortes protagonizadas pelo diabólico regime nazista da Segunda Grande Guerra. Mas a nossa pauta aqui é ficção versus realidade. Para isso vou traçar um paralelo entre o coronavírus e os atentados terroristas de 11 de Setembro. O que eles teriam em comum além, é claro, de ferirem brutalmente a cidade de Nova York? Tratam-se de eventos surreais. Isso mesmo.

Nenhum de nós poderia imaginar estes acontecimentos tal qual ocorreram e, no caso do coronavírus, ainda está em pleno curso. Imagine você indo ao cinema assistir a um filme de ação cujo roteiro seria o seguinte: dezenove terroristas sequestram quase que simultaneamente (sem possuir nenhuma arma de fogo) quatro enormes aviões de passageiros em pleno território americano. 

Dois dos aviões, que partiram de Boston rumo a São Francisco e Los Angeles (portanto com tanques de combustível cheios), são desviados e atingem as duas torres do World Trade Center (um dos ícones da cidade ícone dos EUA). Como se não bastasse, as duas torres de 110 pavimentos colapsam e matam 3 mil pessoas. Ora veja, muito provavelmente você sairia do cinema no meio do filme, pois o roteiro pareceria surreal, isto é, algo fora da realidade, inimaginável, incompatível com as leis da razão, absurdo.

Pois aconteceu. E foi tão impactante que todas as pessoas com mais de 30 anos hoje lembram exatamente onde estavam no momento em que souberam do atentado. Voltemos agora ao coronavírus. Por mais que você já tenha assistido aos filmes de ficção como Epidemia ou Contágio, certamente jamais imaginou que poderia acontecer o que está acontecendo. A humanidade atônita, reclusa e em pânico, a tal ponto de estarmos na iminência de presenciar a maior retração do PIB mundial de todos os tempos.

A consequência inevitável será um aumento exponencial da pobreza e da fome no mundo. Nesta altura dos acontecimentos, tudo indica que a reação ao vírus, infelizmente, poderá causar ainda mais estragos do que o vírus propriamente dito. Uma tragédia. No fundo, o nosso desejo é de que tudo isso não passasse de um sonho ruim ou de um filme de ficção de muito mau gosto. Neste caso, bastaria acordar ou simplesmente levantar da poltrona, sair do cinema e seguir tocando as nossas vidas.

Empresário - FERNANDO GOLDSZTEIN