terça-feira, 8 de outubro de 2024



08 de Outubro de 2024
INFORME ESPECIAL -Rodrigo Lopes

O 7 de Outubro não terminou

Eu queria escrever só sobre as emocionantes homenagens que Israel preparou para as vítimas do 7 de Outubro. Mas não é possível. Seria contar apenas parte da verdade. A realidade é de que o aniversário da data mais trágica da história do país foi de contradições: houve memória, orações, cantos, lágrimas. Sim. Mas houve também muito medo: as várias cerimônias tiveram número limitado de participantes devido ao risco de atentados.

Enquanto eventos lembravam os 1.170 mortos e 251 reféns tomados na ação, os grupos terroristas Hamas, Hezbollah e houthis voltaram a golpear Israel. E começou cedo: nas homenagens no local onde ocorria a festa jovem, perto do kibutz Re?im, a cinco quilômetros da Faixa de Gaza, e no momento em que era realizada uma cerimônia em Kfar Aza.

Para mim, em Tel Aviv, o aplicativo de celular que emite notificações de alertas de ataques soou quando eu estava chegando à Praça dos Reféns para acompanhar homenagens. Ainda não havia disparado desde que cheguei à cidade: isso indicava que a ameaça estava por perto.

A confirmação veio pouco depois. Uma fonte das Forças de Defesa de Israel me alertou que os estilhaços de um foguete abatido pelo sistema de defesa aérea haviam caído em uma área residencial. Desviei a rota e segui para Holon, a cerca de 20 minutos de carro de Tel Aviv. É praticamente ao lado. Tanto que do local onde caíram os destroços era possível avistar os aviões decolando do Aeroporto Ben Gurion - o que causava mais preocupação, diante da informação sobre o foguete abatido.

O Iron Dome destruiu o artefato, lançado da Faixa de Gaza pelo Hamas, mas os estilhaços atingiram o quarto e o sexto andares de um edifício ao lado. Não houve feridos.

Uma cena resume esse misto de tristeza e medo: no final da tarde, o minuto de silêncio na Praça dos Reféns foi cortado pelo barulho das sirenes dos carros de polícia.

À noite, os alertas antiaéreos soaram de novo em Tel Aviv. As defesas do Domo de Ferro foram acionadas. Da janela do hotel Metropolitan, escutei três explosões. O horror de 7 de outubro de 2023 começou às 6h29min de Israel, e, um ano depois, não terminou. _

Entrevista - Clara Marman e Luis Har - 

Casal foi feito refém do grupo terrorista Hamas

"O apoio que o Brasil pode dar é ser contra o terrorismo"

Clara Marman, 62 anos, e Luis Har, 70, foram feitos reféns pelo Hamas no mesmo trágico dia 7 de outubro de 2023. Além deles, três parentes foram levados juntos: os irmãos de Clara, Fernando e Gabriela Leimberg, e a filha adolescente desta última, Mia Leimberg. O casal conversou com a coluna sobre o que passou.

INFORME ESPECIAL

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