quinta-feira, 23 de agosto de 2018



23 DE AGOSTO DE 2018
OPINIÃO DA RBS

O RIO GRANDE E OS VENEZUELANOS

Com a confirmação do governo federal de que o Rio Grande do Sul está entre os destinos prioritários para acolher imigrantes venezuelanos, amplia-se a necessidade de o Estado se planejar com rapidez e eficiên-cia para cumprir adequadamente com o seu papel. Além de Porto Alegre, outras cidades do Interior deverão receber imigrantes que, hoje abrigados majoritariamente em Roraima, demonstram a intenção de se deslocar para os Estados sulinos. Como o país vem aprendendo a partir de episódios anteriores, envolvendo principalmente haitianos e senegaleses, esse é o tipo de operação que impõe um desafio não só ao poder público, mas também à sociedade.

Mais grave, devido ao elevado número de venezuelanos que vêm cruzando a fronteira brasileira a cada dia, a crise migratória atual é também a mais desafiadora para o país e para os Estados. Mesmo diante de providências emergenciais já adotadas, a região fronteiriça não tem como absorver o impacto de um êxodo dessas proporções. Resta, portanto, a alternativa de recorrer a outros Estados no esforço de acomodar de forma digna quem busca ajuda por se encontrar em situação de vulnerabilidade.

Os governantes têm o dever de agir nesses casos, até mesmo por força de lei, mas o papel da sociedade também é decisivo. No Rio Grande do Sul, um dos Estados de maior diversidade étnica e cultural, a população tem razões ainda mais específicas para se mostrar receptiva, rechaçando qualquer margem para intolerância. O momento é de solidariedade, mas sem improvisos. Na tentativa de deixar para trás um país cuja economia foi destruída por equívocos de um regime totalitário e demagógico, os imigrantes não podem esbarrar ainda em mais dificuldades.

A particularidade de o Brasil e o Estado estarem às voltas com sérias dificuldades financeiras no setor público não pode justificar qualquer restrição de ajuda aos imigrantes. A situação brasileira é incomparável à dos venezuelanos, que enfrentam uma inflação em descontrole, taxas ainda mais elevadas de desemprego e falta de produtos básicos, incluindo escassez de gêneros alimentícios.

A ajuda aos imigrantes é uma questão humanitária. Esse é o momento de os gaúchos reafirmarem o espírito de solidariedade que costumam ostentar como uma de suas características.

OPINIÃO DA RBS