quarta-feira, 29 de agosto de 2018


29 DE AGOSTO DE 2018
ARTIGO


CHEGA DE VER O FUTURO PASSAR PELA JANELA UM IDOSO É AGREDIDO A CADA 10 MINUTOS

A razão dessa inércia não recai sobre o conjunto de brasileiros. Ao contrário, pois nossa população mostra no dia a dia a força do empreendedorismo e da inovação, criando soluções e buscando saídas mesmo com as graves crises. Carecemos, no entanto, de governos que estejam nessa sintonia. Obstinados, incomodados, com vontade. Alinhados com as nações desenvolvidas, importando bons exemplos, buscando novos negócios.

Vejo nos governos uma apatia. Uma falta de apetite, como se estivéssemos satisfeitos com o que temos. Mas estamos longe do ideal. Um país sem grandes acordos comerciais - o principal deles, no Mercosul, com muito menos intensidade do que se esperaria. Uma nação que deixa fugir seus cérebros. Que se distancia dos setores avançados da economia, como o campo, que se tornou uma potência apesar de diversos entraves. A burocracia impera e emperra o Brasil, que fica para trás.

Ao mesmo tempo, nossos vizinhos fazem sua parte. O Chile sempre se destaca, com sua economia aberta e vibrante. Este ano, foi um dos 11 países a assinarem uma nova versão do Acordo Transpacífico, que inclui também Peru, Canadá, México e Japão. Recentemente, o Paraguai tem atraído muitos negócios brasileiros, graças ao seu ambiente favorável, sistema tributário mais simples e menor burocracia.

Quanto tempo mais ficaremos reclusos? Quando deixaremos de ser plateia para sermos protagonistas? A retomada do crescimento passa por quebrar esse paradigma. Que paremos de andar em círculos, remoendo diferenças e problemas. Sigamos para a frente, integrando-nos ao globo e buscando novas ideias. Investindo em pesquisa, com uma educação moderna e formação profissional.

Chega de ver o futuro passar pela janela. É hora de o país deixar a inércia para trás e andar ao lado do mundo, construindo o amanhã que queremos. Esse é o caminho para alcançarmos desenvolvimento e justiça social para todos os brasileiros.

Sendo assim, o número de idosos no Brasil cresce todos os anos. Segundo o IBGE, a população idosa brasileira totaliza 23,5 milhões de pessoas. Projeções da ONU indicam que uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais. O estudo aponta que, em 2050, haverá mais idosos do que crianças menores de 15 anos, alcançando 2 bilhões de pessoas ou 22% da população global.

Com estes dados, porém, a violência contra o idoso é uma triste realidade na sociedade, onde a maioria dos casos de maus-tratos é cometida por pessoas muito próximas a elas, principalmente os seus familiares. Entre 5% e 10% dos idosos ao redor do mundo sofrem violência. No Brasil, estima-se que a cada 10 minutos um idoso é agredido.

Existem muitas razões para que as pessoas sofram violência. Entre as mais frequentes, está a deterioração e fragilização das relações familiares. Quando se fala em violência contra os idosos, pensa-se imediatamente na violência física, mas esta não é a única. A violência também pode manifestar-se como psicológica, moral, sexual, pode ser familiar, social, institucional, estrutural e pode resultar de atos de omissão e negligência.

O idoso é uma vítima difícil, que muitas vezes não quer expor o autor da violência. O atendimento precisa ser cauteloso e delicado para conseguir preservar os vínculos, se ele assim preferir. Devemos pensar que um envelhecimento bem- sucedido é uma conquista de toda uma sociedade: civis e governantes.

É urgente a necessidade de tornar visível a violência contra o idoso para que ela seja reconhecida nos atos cotidianos e reprovada como atitude aética. Coibir a violência é um ato de cidadania, é um ato de valorização da vida humana, é um ato de respeito para com os idosos.

Delegada titular da Delegacia do Idoso de Porto Alegre larissafajardo@uol.com.br
LARISSA FAJARDO