segunda-feira, 21 de novembro de 2016



21 de novembro de 2016 | N° 18693 
DAVID COIMBRA

O Inter e o rebaixamento

Vence na vida quem diz sim, dizia o Velho Chico. E não é que é? Aquela história do pensamento positivo. Hoje chamam de neurolinguística, mas minha mãe sempre repetia, quando eu era criança: 
– Fale só coisas boas, porque os anjos podem estar dizendo amém no momento em que você fala.

Aquilo me deixou impressionado. A coisa funciona assim: você repete várias vezes ao dia algo que quer que aconteça. Tipo: “Vou ganhar aumento, vou ganhar aumento, vou ganhar aumento”. Lá em cima, no Céu, onde toca música clássica, só faz 15°C e tudo é branco e azul como a roupa do Roberto Carlos, os anjos, todos eles, inclusive o arcanjo Miguel, com sua espada de fogo, se reúnem de vez em quando e, nesse instante mágico, entoam em coro:

– Amém!

Quer dizer: assim seja. Sempre que os anjos dizem isso, o que você está falando cá embaixo se realiza. Então, você está caminhando pela Rua da Praia e fala:

– Vou ganhar aumento! Os anjos concordam:

– Assim seja! Meia hora depois, ao chegar ao trabalho, o chefe o chamará e anunciará:

– Você é muito bom. Vai ganhar aumento.

Minha mãe acredita nisso. A mãe dela, minha querida avó Dona Dina, que já está entre os anjos, acreditava em algo parecido. No fim da vida, ela aderiu àquela religião oriental, a Seicho-No-Ie, que prega a força da positividade. Você tem de agradecer constantemente a Deus pelo que há de bom na sua vida e, sobretudo, pelo que acontecerá de bom.

– Obrigado porque vou ganhar aumento, obrigado porque vou ganhar aumento, obrigado porque vou ganhar aumento...

Psicologicamente isso é importante, porque dá confiança, e é mais fácil acertar quando você tem confiança. Veja o Trump. A confiança exsudante que ele transmite convenceu os americanos – os americanos gostam de vencedores.

Chamo gente assim, tão autoconfiante que roça na arrogância, de centroavantes na vida. Porque o centroavante precisa disso, saber que é o bom, para não vacilar na hora da decisão.

O Inter tem um jogador que se aproxima disso. Um único. Vitinho. Não é um craque, claro que não, mas está municiado com um volume suficiente de segurança para saber o que fazer quando está diante do goleiro.

É isso que importa, sobretudo num momento como este. É o que o Inter tem. Vitinho, lá na frente; Danilo, lá atrás. É com esses que tem de contar nos últimos três jogos do campeonato. O resto é o resto.

O recheio do time, encaixado entre um e outro, é irrelevante. Nem os que parecem ter um pouco mais de luzes, como Dourado, Willian e Valdívia, fazem qualquer diferença.

Técnico? A essa altura? Tanto faz. Podia ser o Lisca ou podia ser o Guardiola, nenhum mudaria coisa alguma. Danilo e Vitinho. É do que precisa a torcida do Inter. E passar o dia repetindo coisas boas sem parar. Vá que os anjos digam amém.