sexta-feira, 25 de novembro de 2016


Jaime Cimenti

Aristides Bertuol e o tempo das carreteiras

Aristides Bertuol - O Piloto da Carreteira Nº 4, biografia ilustrada do grande empresário, piloto e político bento-gonçalvense Aristides Bertuol, nascido em 1916 e falecido em 1979, destaca uma das maiores personalidades da cidade e um piloto campeão que marcou época num nos períodos de ouro do automobilismo brasileiro.

A obra foi produzida a partir de pesquisa histórica de Gilberto Mejolaro, apresenta vasto matéria fotográfico inédito e traz muitos textos do jornalista Fabiano Mazzottti. A publicação mapeia a trajetória do piloto e as curiosidades das sessenta corridas das quais participou, entre elas a pioneira Copa do Rio Grande.

Com apoio do Ministério da Cultura e da Lei de Incentivo à Cultura do Estado e patrocínio do Bradesco, Meber, Geremia Redutores e Vinhos Salton, a alentada e bem editada obra mostra a vida de Aristides, sua trajetória familiar e pessoal e destaca o fato de hoje, em Bento, a mais alta condecoração oferecida pelo município levar seu nome. A "Medalha Aristides Bertuol" só pode ser concedida uma vez por ano pela Câmara de Vereadores. O Kartódromo de Bento Gonçalves leva o nome de Aristides. Bertuol foi vereador, prefeito de Bento e deputado estadual.

Com sua legendária carreteira, conquistou fãs em todo o Brasil e ganhou prêmios importantes em Interlagos, Circuito da Uva e Grande Prêmio Cidade de Porto Alegre. O número 4 foi o mais adotado por Aristides para a carreteira Chevrolet Sedanet 1948, ano em que iniciou sua brilhante carreira.

O projeto do livro foi lançado no Vale dos Vinhedos em 2015 e há poucos dias foi lançada a obra em Bento Gonçalves e na Feira do Livro em Porto Alegre. Todos garantem que quem testemunhou a época não esquece e quem viveu aqueles tempos das carreteiras, com Aristides, Breno Fornari, Asmuz, Andreatta e outros, sente saudade das lendárias corridas de "carreteras", que ferveram as estradas da Serra e do Estado nos anos 1940, 1950 e 1960. Sem dúvida, Bertuol foi um dos seus mais emblemáticos personagens e neste ano em que se completa o centenário de seu nascimento o reconhecimento é mais do que merecido.

Em 1957, Bertuol sagrou-se campeão gaúcho, pouco tempo depois abandonou a carreira, passando a competir com um Opala. Sua última prova foi em 23 de dezembro de 1969, nas "Três horas de Guaporé", na corrida de inauguração do autódromo.

Em 1956, Bertuol e Valdir Rebeschini conquistaram o terceiro lugar na 1ª Mil Milhas Brasileiras, em Interlagos, São Paulo e no ano de 1957 Bertuol chegou em primeiro lugar no 1º Circuito da Uva, em Bento Gonçalves, prova de estrada que ocorreu entre Nova Prata, Bento Gonçalves e Caxias do Sul.
lançamentos

Palavras 2016 - Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - Ajeb, com organização de Hilda Hübner Flores e coordenação de Maria Odila Menezes de Souza, traz textos, crônicas e poemas delas e de Teniza de Freitas Spinelli, Maria Inês Rodrigues, Avelino Alexandre Collet e outros.

Experimentos contra a realidade - o destino da cultura na pós-modernidade (É Realizações, 368 páginas), do jornalista e professor Rober Kimball, um dos maiores críticos culturais americanos, explora as bases literárias e filosóficas da modernidade, para pensar sobre o futuro.

50 Tons de Rosa - Pelotas no tempo da ditadura (Artes e Ofícios, 260 páginas), com organização do escritor e jornalista Lourenço Cazarré, traz textos bem-humorados dele, de Geraldo Hasse, Kledir Ramil, José de Abreu, Ayrton Centeno e outros sobre vivências em Pelotas nos anos de chumbo.
a propósito...

Lendo-se os textos e contemplando-se as fotos, especialmente as em preto e branco, não há como não sentir saudade daqueles tempos de automobilismo heroico, romântico, com poeira, ronco de carreteiras, fãs nas ruas e estradas e automóveis com suas carrocerias de linhas com curvas sensuais como as dos corpos femininos. O automobilismo de hoje é mais veloz, tecnológico e tudo mais, todo mundo sabe. Mas quem curtiu nas calçadas as carreteiras passando sabe muito bem do que estou falando. Bom, quem não curtiu, pode curtir o livro, que está ótimo.