quarta-feira, 30 de novembro de 2016


30 de novembro de 2016 | N° 18702
ARTIGO

UMA LÁGRIMA DOLORIDA POR CHAPECÓ

Se o Brasil todo, inclusive o Rio Grande do Sul, fosse metade da pujança de Chapecó, seríamos hoje Primeiro Mundo. Chapecó reuniu, há poucas décadas, gente, principalmente do RS, Paraná e São Paulo, que queria progredir.

Permitam-me explicar aos leitores jovens. Com as imigrações alemã e italiana, os colonos se fixaram em terras, inclusive do nosso Estado, que, com o aumento populacional, logo se mostraram insuficientes. Ocorreu, então, há menos de um século, uma diáspora de colonos, pequenos comerciantes, artesãos, para o oeste catarinense. Eu era um menino e me lembro que vários tios, por parte da mãe, eram agricultores e partiam com caminhões velhos, em direção às “terras novas” de Santa Catarina.

Itapiranga, São Miguel do Oeste, Chapecó, eram as palavras mágicas. A colonada, rude e determinada, largou Santa Cruz, Venâncio Aires, Lajeado, Estrela (as colônias velhas), em direção a uma vida melhor.

Chapecó foi isto: o destino dos sonhos de quem queria mais terra para trabalhar.

Chapecó não tinha praias, nem palmeiras, nem cachoeiras. Muito menos facilidades e mordomias.

Foi sua gente que fez a diferença. Em todo o mundo é assim: a gente faz o lugar ser bom ou ruim.

“Labor omnia vincit”, como me ensinaram os jesuítas.

Em Chapecó, portanto, ocorreu um progresso, em todos os sentidos, que não perde para lugar nenhum do mundo.

E não é que um grupo de abnegados decidiu montar um clube de futebol como organizam seus próprios negócios? Com probidade. E a semente germinou, como todos constatamos.

Uma tragédia, infelizmente, se abateu sobre Chapecó.

Que nos sirva de lição o gesto do clube colombiano que pediu que a Chapecoense fosse coroada a campeã da Sul-Americana. Gesto nobre em homenagem a uma gente nobre.

Chapecó, ao menos para mim, será para sempre a cara que o Brasil, às vezes podre, deveria ter.

Cara limpa, alegre, séria, honesta, empreendedora.

O mundo se dá conta, agora, de um Brasil diferente.

Pena, lástima, que foi desse jeito.

Advogado ruy@gessinger.com.br