terça-feira, 20 de março de 2018


20 DE MARÇO DE 2018
ARTIGOS

MAIS GOVERNANÇA



O que um finlandês, um chinês, um australiano e um brasileiro podem ter em comum?

Tarde chuvosa em Helsinque, maio de 2011. Eu estava numa reunião sobre governança corporativa entre conselheiros de administração finlandeses e brasileiros.

Encontramos Arto Honkaniemi, executivo do governo da Finlândia. Impressionaram-me os resultados sociais e econômicos das estatais finlandesas, bem como a transparência de suas relações com a sociedade e a responsabilidade desse executivo, que tratava aquelas organizações como se fossem suas. Senti o Brasil distante, tanto geograficamente quanto eticamente na gestão do que é público.

Dia quente em Hong Kong, junho de 2017. Junto com conselheiros brasileiros visitei a Li & Fung, gigantesca corporação chinesa. Estivemos com o presidente do Conselho, William Fung, que destacou valores e princípios como fontes da longevidade das grandes organizações chinesas, muitas delas familiares.

Manhã ensolarada em janeiro de 2013. Eu estava na University of Technology Sydney para um seminário com o professor australiano Thomas Clarke. Novamente éramos um grupo de conselheiros brasileiros em viagem de expansão de conhecimento sobre governança.

Clarke mostrou que o desafio do século 19 foi o empreendedorismo, o do século 20 foi a administração e o do século 21 é a governança corporativa. Sublinhou que a administração se desenvolveu muito tecnicamente e que a governança ainda se encontra em desenvolvimento.

É março de 2018 no Brasil. As organizações vão saindo da recessão e da deterioração de tantas lideranças. Tiram lições da crise e procuram caminhos mais seguros.

Neste momento, a transparência e a responsabilidade do finlandês, a longevidade fundada em valores do chinês e a noção de trajetória do australiano podem aliviar as angústias do brasileiro: usar a governança corporativa pode ser o ponto em comum.

A governança é um antídoto contra a inépcia administrativa e um escudo contra desvios éticos de lideranças.

Precisamos de mais governança para dirigir empresas e governos a fim de criar valor, assim como controlá-los para evitar a destruição de valor.

CARLOS ALBERTO VARGAS ROSSI