quarta-feira, 28 de março de 2018


28 DE MARÇO DE 2018
ECONOMIA


Reajuste abaixo da inflação para piso regional teve aprovação unânime

NOVOS VALORES vão variar de R$ 1.196,47 a R$ 1.516,26. Texto seguirá para sanção de Sartori
Sem maiores dificuldades, o Piratini conseguiu ontem, na Assembleia Legislativa, a aprovação do novo salário mínimo regional pelo índice proposto. Por unanimidade, 46 votos a zero, os deputados concordaram com o texto de reajuste de 1,81%.

Com a correção, a menor faixa do piso passa a R$ 1.196,47 e a maior, a R$ 1.516,26 (veja quadro ao lado), quando o projeto for sancionado pelo governador José Ivo Sartori. Como a data-base do piso é 1º de fevereiro, empregadores deverão pagar as diferenças mensais na próxima folha.

O salário mínimo regional é referência para cerca de 1,3 milhão de trabalhadores informais ou que pertencem a categorias não contempladas em acordos coletivos ou convenções.

O projeto do governo, aprovado na Assembleia, não cobre a inflação do ano passado. No período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - indicador considerado para reajuste de salários - foi de 2,07%.

EMENDAS NEM CHEGARAM A RECEBER APRECIAÇÃO

As centrais sindicais e as entidades de classe pediam 4,17%, percentual que abrange a inflação de 2017 e as perdas salariais do governo Sartori em 2016, quando a correção também ficou abaixo do índice oficial. A reivindicação foi encampada em emenda apresentada pelo deputado Luiz Fernando Mainardi (PT).

- Nesse momento de enorme dificuldade, não podemos pedir algo inviável, mas também não pode ser algo que crie arrocho salarial e resulte em perda do poder de compra - justificou Mainardi.

Nos bastidores, a base do governo também ficou incomodada em conceder reajuste abaixo da inflação. O deputado Elton Weber (PSB) tentou negociar com o Piratini um índice maior, mas não encontrou ambiente receptivo na Casa Civil. Diante da negativa, junto a outros seis deputados apresentou emenda com correção de 2,95%, correspondente à inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

- Pedi à Casa Civil que conversasse com as entidades patronais, mas o governo não fez esse gesto - lamentou Weber.

Antes da votação, o líder do governo, Gabriel Souza (PMDB), apresentou requerimento prejudicando as emendas de Weber e Mainardi e dando preferência à proposta oficial. Contados os votos, até mesmo a oposição acabou favorável ao projeto do Piratini.

- Queríamos que fosse um pouco mais do que esses ridículos 1,81%. Mas fomos derrotados. Mesmo que o reajuste tenha sido pequeno, é melhor do que nada - disse Mainardi.

FÁBIO SCHAFFNER