quinta-feira, 13 de setembro de 2018


13 DE SETEMBRO DE 2018
INDICADORES - Gabriela Ferreira

Sem diploma, tudo bem?


Apple, Google e IBM não pedem mais diploma para contratação de funcionários. Essas gigantes da tecnologia aparecem em uma lista, divulgada pelo site de empregos Glassdoor, de 15 empresas dos Estados Unidos que não exigem formação superior. A notícia causou alvoroço e, claro, gerou dúvidas para aqueles que estão em formação, os que pretendem acessar uma universidade e para o mercado de forma geral. Mas o que isso significa?

É sabido que as competências técnicas não são suficientes para o desempenho profissional. Os chamados soft skills cada vez mais surgem nas listas de requisitos. O Fórum Econômico Mundial indicou, em 2016, que as três principais habilidades das pessoas em 2020 serão capacidade de resolver problemas complexos, pensamento crítico e criatividade. Ocorre que um curso superior deve desenvolver essas habilidades e não somente as técnicas. É nesse ponto que vão se destacar as melhores instituições de ensino, formando um profissional autônomo, capaz de desempenhar suas funções em diferentes campos de atuação. E isso é bem diferente de gerar um candidato a emprego.

Segundo a Google, as pessoas que conseguiram seu lugar no mundo mesmo sem curso superior são excepcionais e por isso a empresa as quer. Concordamos, mas imaginem onde chegariam com uma formação superior? Talvez além da Google. A realidade dos Estados Unidos, que condiciona esse comportamento das empresas, é muito diferente da nossa. Universidades lá são cada vez mais inacessíveis e, no setor de tecnologia, há grande concorrência por funcionários.

No Brasil, o conhecimento aprofundado, com raras exceções, é sim adquirido em um curso superior. Com ele, fica mais perto o lugar ao sol, pois, sem diploma, as pessoas têm que aceitar empregos com menor remuneração como única opção de escolha. Certamente, temos que evoluir nos nossos modelos formativos. Incorporar inovação, empreendedorismo e relacionamento aos currículos e ensinar nossos estudantes a aprender a aprender. Porém, isso passa por uma formação sólida ou, caso contrário, seguiremos criando gerações de empregados. E, assim, não ficará tudo bem.

Gabriela Ferreira escreve às quintas-feiras, a cada 15 dias - Líder de Impacto Social no Tecnopuc e diretora técnica da Anprotec