sexta-feira, 21 de setembro de 2018



O marxismo ocidental 

Vivemos num mundo em que as diferenças, especialmente político-econômicas, falam mais alto que as ideias de paz, colaboração e união surgidas em torno da globalização. A história não acabou. Ninguém é hegemônico. Ao menos, não hegemônico em todo o planeta. No Ocidente e no Oriente, fundamentalismos e autoritarismos estão pegando. Muitos autores falam em enfraquecimento, em morte das democracias. 

Mais do que nunca, é preciso tentar, ao menos, entender as grandes ideias político-econômicas que moldaram o século XX e pensar em novos rumos. O marxismo ocidental (É Realizações, 352 páginas, R$ 74,90), do brilhante diplomata, sociólogo e crítico literário José Guilherme Merquior, falecido precocemente aos 49 anos, é uma oportuna reedição da obra lançada em 1985, que foi elogiada por John Gray, reeditada por Octavio Paz e eleita Meu livro do ano no Financial Times. Merquior, que fez parte da Escola de Frankfurt, também denominada teoria crítica, inicia com estudos cuidadosos sobre Hegel e Marx. 

Ele e outros intelectuais de esquerda não comprometidos institucionalmente com a União Soviética avaliavam, especialmente, temas culturais. A obra altamente polêmica é considerada um ponto alto do ensaísmo brasileiro e mostra-se atual para compreensão do quadro político mundial, ainda que publicada antes da queda do muro de Berlim e do ocaso do regime soviético. 

O brilhante painel de Merquior descortina um horizonte pós-marxista no pensamento radical contemporâneo e trata do estudo e da crítica a pensadores como Régis Debray, Castoriadis e Claude Lefort, entre outros. A obra, originalmente publicada em inglês, polemiza com as figuras mais benquistas da Filosofia e do pensamento contemporâneos e ainda polemiza com não marxistas. Merquior se considerava politicamente social liberal e anarquista cultural. 

Foi um grande pensador da tradição ocidental e produziu mais de 20 livros. Como se vê, uma obra essencial para entender o complexo quadro político-econômico que vivemos e para mostrar visões críticas sobre pensadores e obras que marcaram a vida política e cultural do século XX. 

Lançamentos 

Querida Konbini (Estação Liberdade, 152 páginas, tradução de Rita Kohl), da premiada escritora chinesa Sayaka Murata, é best-seller internacional. No interior de uma konbini, uma loja de conveniências japonesa, Keiko, 36 anos e nenhum envolvimento romântico, vai mostrando o que é ser "normal" e, ao mesmo tempo, retrata com humor nossa sociedade contemporânea. 

O fascínio (Martins Livreiro Editora, 120 páginas), quinta edição da novela do consagrado escritor e cineasta gaúcho Tabajara Ruas, é narrativa que mergulha no mito dos caudilhos gaúchos, sonda o demológico e busca a eficaz utilização dos clichês do romance noir. O fantástico e o policial estão juntos para mostrar política corrompida e manipulação da história. 

O pampa vazio é o cenário perfeito. Diário de um nerd (Ciranda Cultural, 160 páginas), de Philip Osbourne, com tradução de Fabio Teixeira e prefácio de Pedro Duarte, traz textos e ilustrações sobre um nerd que, claro, gosta de roupas transadas, superpoderes, brincar de super-homem e supernerd. Um lugar secreto, um vilão com motivações bem inusitadas e lutas com guardas superfortes, que disparam raios laser, estão no volume. - 

Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2018/09/649101-o-marxismo-ocidental.html)