quinta-feira, 9 de novembro de 2017


07 DE NOVEMBRO DE 2017
CAPA

Bora para Bora Bora?

Bora Bora se tornou o principal destino polinésio não tanto por suas belezas, mas porque, por muito tempo, teve o único aeroporto dos arquipélagos. Isso graças aos Estados Unidos, que, em 1942, construíram as pistas ali, por considerar o local um ponto estratégico na disputa contra o Japão na II Guerra Mundial. Foi só décadas depois que o Taiti ganhou seu próprio aeroporto.

O "presente" dos americanos contribuiu, claro, mas os turistas não iriam para lá aos milhares se o lugar não tivesse ganho fama mundial de ser um paraíso na Terra. E posso dizer que não me decepcionou.

Bora Bora tem uma ilha principal, onde fica o centro comercial (Vaitapé) e o Monte Otemanu, cujo desenho dá uma graça especial às fotos. A ilha maior é circundada por ilhotas, chamadas de motus. Nelas estão a maior parte dos resorts, cujos bangalôs entram mar adentro, criando o cartão-postal da Polinésia.

Tive duas experiências bem diferentes na ilha. Na primeira, a convite, fiquei no Le Méridien, no motu Tape (preço da diária parte de US$ 640, para casal e uma criança). Meu bangalô tinha 50 metros quadrados de muita comodidade - entre os destaques, cama de casal king size, banheira e um deck com espreguiçadeira e acesso ao mar azul turquesa por meio de uma escada. O resort conta com algumas prainhas de águas calmas e límpidas e uma piscina infinita ao lado do bar - a vista ao Otemanu é linda. Também conta com uma capela, para quem quiser casar por lá.

No hotel, eles têm um projeto bem legal que ajuda na reabilitação de tartarugas marinhas feridas (especialmente por caçadores). Os turistas podem acompanhar o trabalho e visitar os grandes animais em seus tanques - se der sorte, até ver o momento em que devolvem algum paciente recuperado ao mar.

A segunda experiência foi por minha conta, em um pequeno hotel em Vaitapé (Oa Oa Lodge). Acabou não sendo a melhor escolha. Hospedar-se perto do centro comercial pode ser conveniente, mas você fica muito longe da praia pública de Bora Bora, Matira. Aliás, para explorar os recantos da ilha, é muito útil alugar carro, motocicleta ou bicicleta (tem até um carrinho automático para quem não sabe dirigir). Táxis são muito caros, uma corrida dificilmente custa menos de US$ 20.

Em dias comuns, Matira é bem tranquila, apesar de contar com muitos bares e restaurantes. A praia enche quando há algum navio de cruzeiro atracado, e os passageiros descem aos montes ao mesmo tempo. O bom desses dias é que colocam nas ruas umas jardineiras para transportar os turistas de Vaitapé a Matira por apenas 500 francos pacíficos franceses (XPF), ou US$ 5. Para quem se hospeda nos motus, os resorts oferecem gratuitamente transporte de barco ida e volta até Vaitapé em alguns horários.

Independentemente de qual for a sua hospedagem, um passeio de barco é atração obrigatória. Há inúmeras empresas que oferecem o tour, mas a programação deles é praticamente a mesma. O que muda geralmente é o tipo de embarcação. Fiz o passeio com a empresa Shark Boy, cujo guia é uma figura. Só não gostei muito do barco, que balançava demais e me deixou enjoada. Tanto que acabei nem pulando no mar para a melhor parte: o nado com os tubarões. Você pega um snorkel e observa os animais passando muito perto. Eles não são grandes e perigosos como o célebre tubarão branco e não atacam os humanos (mas é bom não provocar, né?).

O barco também para em um ponto raso onde podemos nadar com arraias. Aliás, a variação de profundidade é uma característica extraordinária da Polinésia Francesa, formada sobretudo de corais. No meio do mar, você encontra pontos rasos, que chegam até a dar pé. É interessante observar essas diferenças na cor da água, que varia conforme a profundidade (quanto mais forte é o azul, mais profundo é o lugar). Muitas vezes, passa de raso para profundo abruptamente.

A última parada do passeio foi no motu Tevairoa, que tem uma praia tranquila. Enquanto os turistas se divertem na água, taitianos fazem o almoço, que é servido em um prato feito de folhas. No cardápio, a especialidade local, poisson cru (atum cru marinado em suco de limão com vegetais em cubo e leite de coco), frango, arroz, salada de macarrão e frutas. Também dá para fazer só o tour, sem a comida (o valor varia de 65 a 70 euros).