sexta-feira, 24 de novembro de 2017



Notícia da edição impressa de 24/11/2017. Alterada em 23/11 às 19h19min 

Política, sexo e ficção científica 

Detalhe da capa do livro REPRODUÇÃO/JC O conto da aia (Editora Rocco, 368 páginas, tradução de Ana Deiró), romance da internacionalmente consagrada escritora canadense Margaret Atwood, em síntese é, ao mesmo tempo, um exercício insuperável de ficção científica e uma história moral de significado profundo. 

A arrepiante narrativa tornou-se mais vital e atual que nunca e ilumina com alta competência as ligações entre política e sexo. Margaret Atwood já recebeu alguns dos mais importantes prêmios internacionais, como o Man Booker Prize (por O assassino cego, 2000) e o Príncipe de Astúrias pelo conjunto da obra, em 2008. 

Ela escreve contos, poemas e ensaios, e se destaca por publicações na área da ficção científica, em obras como Oryx e Crake, e O ano do dilúvio, ambas publicadas no Brasil pela Editora Rocco. O conto da aia narra a trajetória da protagonista Offred, 33 anos, que vive na esquisita República de Gilead. Ela é apenas uma aia na casa de um enigmático comandante de alto escalão do Exército e de sua esposa. Ela pode fazer compras em mercados cujos letreiros foram trocados por desenhos. 

Em Gilead, as mulheres são proibidas de ler. Ela pode rezar, fechada em seu quarto, sem ninguém saber. Ela também pode se lembrar do tempo em que tinha marido, filha e um emprego, antes de perder seu nome próprio. A única função real para as aias: procriar. Depois de uma guerra e radiações, a maioria das mulheres no que outrora foram os Estados Unidos ficou estéril. 

Se Offred não engravidar, se tornará uma Não Mulher, aquelas que não podem engravidar, as homossexuais, viúvas, adúlteras e feministas, condenadas a trabalhos forçados nas colônias, lugares onde a radiação é fatal. Se não seguirem as regras, as aias podem ser fuziladas e expostas no Muro, o mesmo destino dos criminosos comuns. Em meio ao terrível Estado teocrático e totalitário, Offred se agarra à esperança de saber o paradeiro da filha e do marido.

Nem o poder de Gilead vai matar o desejo de Offred, na narrativa de Margaret, que trata de liberdade, direitos civis e outras fragilidades atuais. O conto da aia está sendo considerado um clássico como Admirável mundo novo e 1984, mas com perspectiva original e feminina, e já mereceu adaptações para cinema, teatro, ópera e agora para uma aclamada série de TV.

lançamentos 

Ética protestante muda caráter conformista do brasileiro - 500 anos da Reforma Protestante (Editora Algo Mais, 140 páginas), do consagrado jornalista e economista Silvio Lopes, que atuou nos jornais O Globo, ZH, Jornal do Brasil, Correio do Povo e Diário de Notícias, mostra, com fundamento e brilho, como a ética protestante pode ajudar os brasileiros a serem mais trabalhadores, felizes e prósperos, como, aliás, ocorreu em outros países que atingiram o topo. 

Felicidade é o que conta (L&PM, 198 páginas), do médico, professor, doutor e escritor J.J. Camargo, traz 60 crônicas sobre medicina, vida e momentos cruciais, mostrando como não se pode praticar a medicina sem respeitar o indivíduo medroso e inseguro que aguarda o diagnóstico. J.J. Camargo diz que, já que estamos na mesma jornada, por que não fazer a diferença e procurar viver bem? No final, a felicidade é o que conta. 

O caçador de demônios (Harper Collins, 318 páginas, tradução de Ligia Azevedo) é a primeira obra de ficção do roteirista e dramaturgo norte-americano Ray Norman, escrita em conjunto com o ator norte-americano Wesley Snipes. Lauryn Jefferson trabalha num hospital público de Chigago. Dezenas de pacientes aparecem sob o feito de uma poderosa droga desconhecida. Ninguém consegue explicar os sintomas e mutações. O guerreiro Talon é convocado para ajudar. - Jornal do Comércio 

(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/11/colunas/livros/597585-politica-sexo-e-ficcao-cientifica.html)