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13 DE JANEIRO DE 2020
ARTIGOS

MINAS DE OURO

O mercado automotivo assiste a um fenômeno que tem alterado a relação entre os canais de revenda: o crescimento das vendas diretas pelas montadoras. O setor teve evolução de 7,63 % nas vendas de automóveis e comerciais leves em 2019, sendo 3,32 % nas vendas de concessionárias e de 13,5 % nas vendas diretas.

Tal fenômeno consiste na forte atuação das locadoras no mercado de revenda, pois adquirem veículos a preços bem abaixo dos vendidos pelas montadoras às concessionárias, além de não pagarem substituição tributária de ICMS e não serem tributadas em suas vendas.

Tal cenário parece ser positivo. Afinal, os veículos podem ser adquiridos por preços menores, facilitando que mais pessoas possam locar veículos e prestar serviços através de aplicativos, gerando empregos e produção industrial.

Mas, esse raciocínio é equivocado! O que ocorre não é um processo de simples migração entre canais de vendas, mas o desvirtuamento da natureza da comercialização dos veículos, em parte pela inércia diante da significativa perda de receitas fiscais que emigram para outros Estados.

Notem que o Rio Grande do Sul, em 2019, cresceu em vendas de veículos apenas, 0,22%. Minas Gerais, em crise econômica similar à nossa, cresceu 23,10%, sendo 28,60% em vendas diretas. Uma absurda desproporção, apenas explicável pelas vendas diretas das fábricas para as locadoras sediadas em MG.

Assim, é imperioso que o governo gaúcho avalie este fenômeno, dialogando com os setores envolvidos, modernizando o regramento tributário do ICMS, além de normatizar a atividade de revenda das locadoras, viabilizando o equilíbrio fiscal e a recuperação da nossa economia.

Durante a corrida pelas minas de ouro no século 18, o Rio Grande do Sul desempenhou um importante papel, responsável por enviar tropas de burros para os mineiros em troca de ouro. Agora, diante desta nova corrida, é preciso tomar cuidado para não invertermos o processo, enviando o nosso ouro para os mineiros e ficando com os "burros" por aqui.

PAULO SIQUEIRA, PRESIDENTE DA FENABRAVE/SINCODIV-RS