quinta-feira, 30 de janeiro de 2020



30 DE JANEIRO DE 2020
REFORMA DO FUNCIONALISMO

Acordo na Assembleia, racha no Cpers

O acordo feito a portas fechadas na terça-feira entre o Cpers/Sindicato e governo estadual fortaleceu o atrito entre grupos divergentes dentro da entidade.

Opositores à atual direção se reuniram ontem e decidiram que professores devem ser comunicados oficialmente sobre o que estão chamando de "conchavo" e "traição". Para isso, prometem convocar assembleia geral em data a ser definida.

O centro da discussão é o alegado consentimento do Cpers para que o triênio seja transformado em parcela autônoma, desvinculado ao salário, na proposta aprovada pela Assembleia.

- Estamos muito chocados com o que aconteceu, pois o sindicato é nossa ferramenta de luta. Depois desta negociação, a direção não nos representa mais - enfatizou Rejane Oliveira, ex-presidente da entidade.

Ela pontua que o acordo costurado não teve aval da categoria, que estaria unida pela retirada de todo o projeto, sem qualquer discussão sobre aceitar ou não emendas.

- Dissemos não ao projeto como um todo e não autorizamos a direção a negociar direitos adquiridos. Isso fere um dos princípios da entidade e caracteriza traição. Por conta deste conchavo, só nos resta romper a unidade que vínhamos tendo - complementou.

Para a ex-presidente, a anuência do Cpers foi determinante, na terça-feira, para a aprovação do projeto-mãe do pacote do funcionalismo, que altera carreira e regras de aposentadoria dos servidores. O texto recebeu 35 votos favoráveis. Eram necessários 33.

O Cpers, entidade de 75 anos e que representa 80 mil professores, informou, por meio de nota, que jamais aceitará negociar direitos, mas reconheceu não ser "possível brigar com a realidade" de que o governador Eduardo Leite "tem a mais ampla base governista na Assembleia desde a redemocratização".

"Diante da convocação extraordinária - sinal de que o governo já tinha apoio necessário para aprovar o pacote - nos vimos diante de uma encruzilhada histórica. Optamos, com a responsabilidade que nos cabe enquanto lideranças, pela via da redução de danos até o limite possível, com a mediação do MDB. Evitou-se, assim, o congelamento dos salários da categoria, criando condições para aumentos reais a partir de 2021. Sem esta articulação, aposentados poderiam ficar até 11 anos com os proventos paralisados", justificou a entidade.

MARCELO KERVALT

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