sábado, 18 de janeiro de 2020



18 DE JANEIRO DE 2020
OPERAÇÃO GREENFIELD

Assessor de Guedes e mais 28 viram réus

Esteves Colnago, assessor especial do ministro da Economia, Paulo Guedes, e mais 28 pessoas viraram réus após a Justiça acolher denúncia do Ministério Público Federal (MPF) por decisões tomadas por eles na gestão de fundos de pensão. Os procuradores os acusam de administração temerária de instituição financeira em razão de investimentos feitos na empresa Sete Brasil e analisados pela Operação Greenfield, que apura desvios em fundos de pensão e bancos.

"O MPF produziu e apresentou a este Juízo peça acusatória formalmente apta, acompanhada de vasto material probatório, contendo a descrição pormenorizada contra todos os denunciados", afirmou o juiz federal Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em sua decisão.

Em sua decisão, Vallisney torna réus 29 ex-dirigentes dos fundos de pensão da Caixa (Funcef), Banco do Brasil (Previ), Petrobras (Petros) e Vale (Valia). No total, os investimentos dos fundos de pensão na Sete geraram perdas de R$ 5,475 bilhões às entidades, segundo o MPF (em valores atualizados até outubro de 2019).

Funcef

Colnago foi membro do conselho deliberativo da Funcef e votou favoravelmente a um investimento feito pelo fundo de pensão na Sete em 2012. Segundo a forçatarefa da Greenfield, ele aprovou de forma temerária investimentos feitos na empresa Sete Brasil, de construção de sondas de petróleo.

Na visão do MPF, Colnago e outros gestores do Funcef autorizaram os aportes ignorando riscos, diretrizes do mercado financeiro e do Conselho Monetário Nacional (CMN), além dos próprios regimentos internos.

Criada no auge dos investimentos no setor naval do país e do pré-sal, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Sete tinha como missão gerenciar a compra e a operação de 28 sondas para exploração de petróleo para a Petrobras. Entre seus sócios, tinha a própria Petrobras e o fundo de investimentos FIP Sondas, que reunia investidores como os bancos BTG Pactual e Santander, o fundo FI-FGTS e os fundos de pensão de Petrobras, Caixa, Banco do Brasil e Vale. Juntos, os sócios aplicaram mais de R$ 8 bilhões na empresa. Dinheiro já reconhecido como perda total no FIP Sondas.

A derrocada financeira da Sete começou na fase inicial da Lava- Jato, no final do ano de 2015. As primeiras denúncias de executivos da Sete, que também eram da Petrobras, levaram o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a vetar o empréstimo de longo prazo que permitiria manter a máquina da Sete funcionando.

Com a decisão, veio a crise do petróleo no mercado internacional. As sondas da Sete foram contratadas quando o petróleo atingiu US$ 110 o barril. Quando pediu recuperação judicial, já em 2016, o valor era de pouco mais de US$ 30.

Contraponto

O QUE DIZ ESTEVES COLNAGO

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo na última semana, Colnago disse não se arrepender de votar pelo investimento porque, em sua visão, as informações disponíveis na época não o fariam tomar outra decisão. Chegou a revelar que a recomendação de voto feita pela diretoria da Funcef ao conselho era de não fazer um novo investimento na Sete Brasil, mas que na hora da reunião os conselheiros foram informados pelos executivos que a visão tinha mudado para pró-aporte. Afirma ainda que ficou desconfortável com a situação, mas que acabou sendo convencido pelos diretores e pelos documentos trazidos à reunião de que o investimento seria uma boa opção.

– Não me arrependo. Deu errado. Podia ter dado muito certo. Mas deu errado. Você ia imaginar que a Petrobras estava cheia de coisa lá dentro? Nunca. Que o petróleo ia despencar? Os grandes bancos estavam entrando, não só os públicos – afirmou.

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