terça-feira, 25 de agosto de 2020


25 DE AGOSTO DE 2020
POLÍTICA +

Como Marchezan tentará sobreviver

A defesa entregue ontem à Câmara, a lista de testemunhas indicadas e a entrevista que deu no final da tarde deixam claro que a última coisa que passa pela cabeça do prefeito Nelson Marchezan é a renúncia, especulação recorrente entre vereadores. Renúncia é uma palavra que não combina com a história nem com o jeito Marchezan de fazer política, ainda mais que isso significaria entregar a prefeitura ao vice, Gustavo Paim, pré-candidato pelo PP.

À coluna, o prefeito levantou a suspeita de que o objetivo de quem espalha boatos sobre a renúncia seja uma estratégia para tentar atrapalhar sua defesa no processo de impeachment. Nas entrelinhas, indicou outro motivo para os adversários falarem em abandono do cargo: desmanchar aliança fechada com PSL e PL, que lhe dará, se conseguir ser candidato, um quarto do tempo da propaganda de rádio e TV.

Mesmo que não esteja no radar de Marchezan por questão de princípios, a renúncia seria inócua. Consultada, a diretoria-geral da Câmara estudou o assunto e concluiu que, depois de aberto o processo, o julgamento continuaria até o fim e o prefeito não estaria livre dos oito anos de inelegibilidade.

A estratégia de sobrevivência de Marchezan é convencer o presidente e o relator da comissão processante de que é inocente, para matar o processo antes de chegar ao plenário. Ao presidente Hamilton Sossmeier (PTB) e ao relator Alvoni Medina (Republicanos), Marchezan quer convencer de que o uso de recursos do Fundo Municipal de Saúde em publicidade institucional é legal, autorizado pelos próprios vereadores quando aprovaram o orçamento, e adotado em outros municípios, Estados e até pelo governo federal.

Nessa linha, as testemunhas de defesa foram escolhidas a dedo. A lista vai do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, passando por publicitários, secretários e ex-secretários de Saúde e de Comunicação das três esferas de governo. Fábio Wajngarten, secretário executivo do Ministério das Comunicações, é uma das testemunhas.

Não será fácil para os vereadores ouvirem todas as testemunhas em 45 dias, prazo citado pelo presidente da comissão para o julgamento, o que pode empurrar a decisão para depois da eleição. Marchezan interpreta a manifestação de Sossmeier como prejulgamento, já que o fez antes de receber a defesa.

ROSANE DE OLIVEIRA

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