sexta-feira, 28 de agosto de 2020


28 DE AGOSTO DE 2020

IBGE


Municípios do RS estão perdendo população


As mais recentes estimativas populacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas na manhã de ontem, apontam que pouco mais da metade dos municípios gaúchos está encolhendo.

O cálculo revela que 51,3% das 497 cidades do Estado perderam habitantes ao longo do último ano - principalmente em pequenas localidades, mas também em aglomerados urbanos de maior porte em regiões como a Fronteira Oeste. A baixa natalidade e a busca por melhores oportunidades de estudo e trabalho são citadas por especialistas como razões para a intensificação desse fenômeno no Rio Grande do Sul.

As estimativas do IBGE são apresentadas todos os anos por determinação legal e servem, entre outras finalidades, para ajustar a distribuição de recursos dos fundos de participação dos municípios e dos Estados. O número de habitantes calculado para 2020, se comparado com as informações do ano passado, indica que 255 dos 497 municípios gaúchos teriam perdido moradores, o equivalente a 51,3%. Esse índice supera o verificado no ano anterior, quando 50,9% das localidades haviam diminuído em relação a 2018.


Natalidade


Doutor em Geografia Humana, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador do Observatório das Metrópoles, Paulo Roberto Soares diz que o estudo confirma tendências demográficas recentes:

- Há vários anos, o Estado já apresenta indicadores diferenciados em relação ao resto do país, como taxa de natalidade mais baixa e maior longevidade, o que nos aproxima mais de padrões de países vizinhos como Argentina e Uruguai.

O especialista observa que é preciso levar em conta que os dados são estimados e não têm o mesmo grau de confiabilidade de um censo demográfico, mas coincidem com outros fenômenos recentes como migrações em busca de melhores oportunidades de estudo ou trabalho.

- O Rio Grande do Sul tem muitas cidades pequenas, com pouco mais de mil habitantes, que não oferecem emprego (no nível necessário). Mas também temos municípios maiores em áreas como a Fronteira Oeste que vêm perdendo população nos últimos anos - analisa Soares.

Santana do Livramento recuou 0,9% desde o ano passado, por exemplo, e Alegrete encolheu 0,7%, conforme o IBGE. No outro extremo da tabela, o Litoral Norte segue como a região mais atrativa: dos 10 municípios que mais aumentaram de população em termos proporcionais, sete ficam à beira-mar. Conforme o instituto, como um todo o Estado cresceu 0,4% - metade da média nacional - e chegou a 11.422.973 habitantes. Porto Alegre aumentou 0,3%, e alcançou 1.488.252 moradores.

Diferenças

Nem todas as administrações municipais concordam com os cálculos divulgados pelo IBGE. O prefeito de Engenho Velho, Paulo André Dal Alba, considera um equívoco a conta que coloca a cidade do Alto Uruguai como a quarta menor de todo o Brasil e a que mais teria perdido moradores desde o ano passado no Rio Grande do Sul em termos proporcionais. Segundo a estimativa populacional oficial, a localidade somaria 982 almas.

- Para nós, é um equívoco. Temos 1,2 mil eleitores e, pelos registros da nossa Secretaria da Saúde, 1,5 mil habitantes. Já havíamos entrado em contato com o IBGE anteriormente, mas mesmo com a correção não passaríamos de faixa do Fundo de Participação dos Municípios (o que resultaria em mais transferência de recursos). Então acabou ficando por isso mesmo. Esperamos que o próximo censo aponte nossa verdadeira população - afirma Dal Alba.

A assessoria de comunicação do IBGE, por meio de nota, informa que as estimativas "são baseadas, principalmente, nas projeções de população para os Estados divulgadas em 2018 e na tendência populacional observada nos censos de 2000 e 2010 para cada município. No Brasil e na maioria dos países, a contagem da população só acontece de 10 em 10 anos, nos censos demográficos. O próximo censo do IBGE está previsto para 2021, e seus resultados irão dirimir eventuais dúvidas sobre a população de cada cidade brasileira."

O órgão federal sustenta, ainda, "que muitos eleitores mantém seus registros eleitorais nas cidades em que nasceram mesmo depois de terem ido morar em outro lugar, e que os registros de saúde de alguns municípios podem contabilizar moradores de cidades vizinhas que tenham procurado atendimento médico na rede de saúde local".

MARCELO GONZATTO

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