segunda-feira, 26 de junho de 2017



26 de junho de 2017 | N° 18881
SEM LUZ

Escuridão aumenta insegurança


CAPITAL ACUMULA PONTOS mal iluminados em diversos bairros, o que força moradores e comerciantes a improvisar soluções. Se nem com sol quem anda pela Capital está protegido, a sensação de insegurança aumenta à noite. Ruas escuras e lâmpadas apagadas são recorrentes em vários bairros, como constatou a reportagem de ZH em um giro na noite de quinta-feira passada.

Sem iluminação pública, a boa vontade de moradores é o que mantém o mínimo de visibilidade em uma rua do bairro Boa Vista. A Waldemar Canterji, via de uma quadra entre a Plínio Brasil Milano e a Alcídes Gonzaga, não tem postes de luz. Por isso, em duas residências e dois pontos comerciais, foram instaladas lâmpadas e refletores voltados para a rua.

– Tentamos iluminar o máximo possível e botamos uma câmera – conta Sheila Torrico, sócia-proprietária da lancheria 14 Bis, relatando que, ainda assim, há muitos casos veículos arrombados.

Os refletores providenciados não dão conta de iluminar completamente a rua, porém, graças a eles, o estudante Guilherme Jung, 19 anos, não reparou na ausência de postes ao passar por ali. Mas relata que é grande a sensação de insegurança.

– Esses dias, fui assaltado em uma rua parecida com esta. Cinco bandidos saíram de trás dos arbustos e levaram meu celular e minha carteira – conta.

Em dois quarteirões, no limite entre o Moinhos de Vento e o Mont’Serrat, ZH flagrou quatro lâmpadas apagadas na noite de quinta: duas na esquina da Quintino Bocaiúva com a Mostardeiro, uma na Coronel Bordini e uma na Anita Garibaldi. Nesta última, que é muito arborizada, um foco de luz a menos já torna a subida do morro uma experiência sombria – literalmente. Lorival Miguel, porteiro em um prédio no local, disse que o problema persiste há mais de 20 dias.

Na Zona Sul, um ponto crítico é a Rua do Santuário. Há uma sequência de postes instalados próximo ao Santuário Mãe de Deus, mas eles não têm iluminação. O breu continua na Estrada das Furnas. Moradores ressaltam que o local é usado por criminosos para desovar corpos, e acreditam que a escuridão corrobora para isso. O padre Danilo Bulegon, que atua no Santuário, atesta que é crítico o problema de falta de iluminação:

– Quando escurece, não saímos mais.

Em um quilômetro da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, em praticamente todo o trajeto junto às obras da orla do Guaíba, a reportagem constatou que os postes também existem, mas sem iluminação. Há apenas luz no sentido bairro- Centro, junto ao Parque Harmonia. Segundo a Secretaria de Serviços Urbanos (Surb), a escuridão nesse ponto se deve justamente às obras no local, mas “já está sendo providenciada a reativação”.

Sobre os outros locais abordados, a pasta informou que a Divisão de Iluminação Pública (DIP) faria vistorias ainda na sexta-feira à noite e que, nos pontos apagados, “o conserto será incluído na programação para manutenção imediata”. Referente à instalação de novos pontos, a secretaria afirma que “há o registro de protocolos com essas demandas, e estão sendo estudadas as possibilidades de atendimento dessas solicitações”.

As reclamações devem ser realizadas pelo fone 156. Além de fazer vistorias nos pontos registrados por esse canal, a DIP realiza rondas, segundo a Surb. Recentemente, os trabalhos sofreram atrasos por falta de materiais, como lâmpadas – a assessoria de comunicação afirma que o problema não era escassez de verbas, mas questões burocráticas relacionadas à aquisição dos materiais.

O projeto apresentado pelo prefeito Nelson Marchezan para a iluminação pública é a realização de uma a Parceria Público Privada (PPP). A expectativa do secretário de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi, é de que em um mês seja assinado um contrato de consultoria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele relata que o banco já realizou licitação para contratar técnicos que vão apoiar o projeto.

– Isso permitirá a antecipação de investimentos que seriam feitos entre 10 e 15 anos para dois ou três anos – diz Vanuzzi.

O secretário afirma que um objetivo da consultoria é identificar as vias que precisam de iluminação no passeio ou na faixa de rolamento, e destaca que áreas de convivência também devem ser beneficiadas. A expectativa é de que a licitação para contratação de uma concessionária saia no primeiro semestre de 2018.

jessica.weber@zerohora.com.br