quarta-feira, 14 de agosto de 2019



14 DE AGOSTO DE 2019
LEVANTAMENTO NACIONAL

RS perde mais uma posição em qualidade de vida

Com piora nas áreas de educação e segurança, Rio Grande do Sul passa o ocupar a sexta colocação em indicador. Dados são referentes a 2017
Pela segunda vez consecutiva, os gaúchos amargaram perda de posição em ranking que mede a qualidade de vida nos Estados brasileiros. Em 2017, o Rio Grande do Sul foi ultrapassado por Minas Gerais e caiu do quinto para o sexto lugar na lista de 27 unidades da federação. A baixa reflete a piora em variáveis das áreas de educação e segurança.

As conclusões integram a sexta edição do Índice de Desenvolvimento Estadual - Rio Grande do Sul (iRS). Fruto de parceria entre Zero Hora e PUCRS, o estudo avalia o desempenho das unidades da federação e do país em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidas, segurança e longevidade. Cada um dos grupos é composto por três variáveis. Os dados são os mais recentes à disposição em bases públicas - neste caso, de 2017.

Pela primeira vez na série histórica, que contempla estatísticas desde 2007, o Rio Grande do Sul não figura entre os primeiros cinco colocados do índice. De acordo com o levantamento, o Estado perdeu posições em duas das três dimensões observadas.

Em educação, área em que está mais distante do topo, o Rio Grande do Sul caiu do 11º para o 14º lugar, com média inferior à nacional. Em segurança e longevidade, passou do quinto para o sétimo posto.

- Era esperado que perdesse mais uma posição no ranking geral devido à tendência das dimensões acompanhadas pelo levantamento. Nas últimas edições da pesquisa, educação e segurança e longevidade vêm puxando para baixo o desempenho gaúcho. Houve nova piora nessas áreas - pontua o coordenador do estudo, Ely José de Mattos, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS.

Em padrão de vida, o Rio Grande do Sul manteve-se no quinto lugar. Os gaúchos ocupam esse posto desde 2010. O iRS varia entre zero e um, assim como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quanto maior o índice, melhor o desempenho.

Em 2017, o indicador geral do Estado até subiu, mas em ritmo menor do que o verificado em locais como Minas Gerais. Na comparação com 2016, o índice do Rio Grande do Sul avançou de 0,630 para 0,638. No mesmo período, o mineiro pulou de 0,619 para 0,642.

- Mais do que olhar apenas o resultado gaúcho, é preciso analisar os movimentos dos demais Estados. O índice do Rio Grande do Sul subiu, mas com taxa menor. Por isso, perdeu posição para Minas Gerais - aponta Ely.

A liderança do ranking seguiu com o Distrito Federal, onde o indicador alcançou 0,760. São Paulo permaneceu no segundo lugar, com a marca de 0,754. Santa Catarina (0,704) preencheu o pódio, com Paraná (0,667) na sequência. Ou seja, o desempenho gaúcho é o menor da Região Sul.

Embora tenha recuado no ranking, o Estado continuou com média acima da brasileira no índice geral. Na passagem de 2016 para 2017, o desempenho nacional subiu de 0,590 para 0,604.

A ponta de baixo da lista das unidades da federação é ocupada por representantes das regiões Norte e Nordeste. Pelo segundo ano consecutivo, o Pará ficou na 27ª posição, com o menor índice (0,322). O 26º lugar foi preenchido por Alagoas (0,329).

No próximo dia 21, as conclusões do iRS serão debatidas em fórum na PUCRS, em Porto Alegre. O evento será aberto ao público, a partir das 9h30min.

Perguntas & respostas

Por que criar um indicador?

Não havia um índice reconhecido no país especificamente para avaliar os Estados. O iRS é o primeiro com proposta de atualização anual.

Por que as variáveis?

Para refletir qualidade de vida e desenvolvimento humano, a definição da metodologia do iRS leva em conta indicadores que vão além dos estritamente econômicos. Foram escolhidos os mais abrangentes, que impactam maior quantidade de pessoas.

O que o diferencia?

• Transparência: todos os dados são oficiais e de fácil acesso. Significa que qualquer pessoa pode conferi-los e que os números têm fontes confiáveis.

• Foco na vida real: a meta é traduzir a realidade de quem vive no Estado. A exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o foco é nas pessoas, e não nas instituições ou no poder público.

• Fácil compreensão: alguns índices utilizam tantas variáveis que fica difícil entendê-los. O iRS apresenta fórmula simples e foi feito para ser compreendido intuitivamente.

Qual é a escala?

Para obter um resultado comparável entre todos os Estados, foi criada uma escala de zero a um, baseada em patamares mínimos aceitáveis e metas de desenvolvimento. Quanto mais perto de um, mais próximo da meta. Quanto mais perto de zero, mais distante dela.

Por que os dados são de 2017?

O iRS avança até o ano dos dados mais recentes disponíveis para todas as variáveis. O atraso das estatísticas é um problema comum devido ao tempo de coleta, ao processamento e à divulgação das informações. O iRS busca utilizar as opções mais rápidas para reduzir ao máximo esse tempo.

Educação gaúcha vai para o segundo pelotão

Os gaúchos desceram ao segundo pelotão nacional na área de educação. De 2016 para 2017, o Estado caiu do 11º para o 14º lugar na lista do iRS que mede o desempenho nas salas de aula das 27 unidades da federação. Ou seja, está na segunda metade do ranking.

No período, o índice do Rio Grande do Sul teve redução de 0,592 para 0,588. A marca, inferior à média brasileira (0,614), é a menor desde 2011. À época, o indicador gaúcho estava em 0,589. O Estado chegou a ter o quarto melhor resultado do país nessa dimensão, em 2007, o primeiro ano da série histórica calculada.

O resultado em educação pode ser explicado pelo desempenho de variáveis como a Prova Brasil. A avaliação é aplicada a cada dois anos para medir o aprendizado de estudantes em português e matemática. Em 2017, a nota gaúcha consolidada para os anos iniciais do Ensino Fundamental subiu de 6,13 para 6,29, mas ainda está distante da registrada por Estados como Paraná e São Paulo, ambos com 6,78.

Outra variável que influenciou o resultado foi a taxa de distorção idade-série no Ensino Médio. O indicador subiu pelo segundo ano seguido, de 30,6% para 33,3%. Isso quer dizer que, de cada cem alunos, 33 tinham pelo menos dois anos de atraso escolar no Estado.

As dificuldades na economia explicam, em parte, o crescimento da taxa, diz o coordenador do iRS, Ely José de Mattos, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS.

- A crise pode fazer com que o aluno deixe a escola para ajudar a família com algum trabalho. Depois, se voltar, retorna atrasado aos estudos - afirma.

Terceira variável analisada pela pesquisa, a taxa bruta de matrícula no Ensino Médio ficou estável no Rio Grande do Sul. Em educação, a liderança é ocupada por São Paulo desde o início da série histórica. Nessa dimensão, os paulistas tiveram índice de 0,710 em 2017. Minas Gerais, que estava no quarto lugar em 2016, subiu para a vice- liderança, com marca de 0,662.

Assim como o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina perderam posições. Mas seguem entre os cinco melhores colocados do país em educação. O Paraná (0,655) ocupou o terceiro lugar, e Santa Catarina (0,641), o quinto.

LEONARDO VIECELI

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