quinta-feira, 22 de agosto de 2019



22 DE AGOSTO DE 2019
GOVERNO BOLSONARO

Duas estatais do RS acumulam prejuízos

Empresas federais no Rio Grande do Sul incluídas na lista das estatais que serão privatizadas, a Trensurb e a Ceitec acumularam prejuízo de R$ 111,5 milhões em 2018. De setores distintos - a primeira opera o serviço de trens, enquanto a segunda produz chips -, têm um ponto em comum: nunca conseguiram dar conta de todos os seus custos com receitas próprias.

O governo federal, além de defender a bandeira de reduzir o tamanho do Estado, tem sustentado o anseio pelas privatizações justamente na fragilidade de caixa das empresas. Por serem deficitárias, ofereceriam poucos atrativos e exigiriam plano de negócios que vencesse o rombo, ampliasse o mercado e gerasse sustentabilidade, avaliam especialistas.

Em 2018, a Trensurb teve prejuízo de R$ 103,9 milhões. Mesmo com o rombo, foi um resultado 20,2% menor do que no ano anterior (R$ 130,1 milhões). Porém, registrou aumento no socorro financeiro do Tesouro, que, para manter os trens nos trilhos, precisou depositar R$ 286,4 milhões na conta da empresa.

Para Luiz Afonso Senna, professor de transportes da UFRGS, a possibilidade de o governo parar de dar subsídio já representa uma vantagem. Afinal, hoje, quem está "bancando" a Trensurb é o contribuinte.

- Precisamos de uma empresa eficiente que ofereça uma tarifa a um preço justo, ou seja, que remunere adequadamente os serviços prestados e cobre um valor que caiba no bolso dos seus clientes. Isso é mais importante do que quem é o dono - diz Senna.

Reflexos

O presidente do Sindimetrô-RS, Luiz Henrique Chagas, coloca a responsabilidade do rombo da Trensurb na má administração e na influência política dentro da empresa. O representante dos metroviários lamenta a possibilidade de que os 1,1 mil funcionários da estatal irão perder os seus trabalhos, tornando mais aguda a crise do desemprego que assola o país.

Já a Ceitec, que consumiu R$ 1,08 bilhão de recursos públicos desde que foi federalizada, há uma década, nunca deslanchou. Instalada na Lomba do Pinheiro, zona leste de Porto Alegre, a empresa teve prejuízo de R$ 7,6 milhões em 2018. No ano anterior, o rombo chegou a R$ 23,9 milhões.

Criada para fomentar a produção de circuitos integrados no país, a estatal produz o chip do boi, seu mais conhecido produto. O item, usado para a rastreabilidade bovina no campo, ganhou escala comercial em 2011, mas nunca alcançou a capilaridade que se esperava.

Um dos entraves na decolada da Ceitec foram as demandas criadas pelo próprio governo federal em gestões passadas, que nunca se concretizaram. Em setembro de 2012, por exemplo, a estatal assinou com a Casa da Moeda convênio para desenvolver o novo chip do passaporte. O primeiro módulo foi finalizado quase seis anos depois e, ainda hoje, o seu uso está pendente no Ministério da Justiça.

DÉBORA ELY

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