quarta-feira, 28 de agosto de 2019


28 DE AGOSTO DE 2019
NILSON SOUZA

Brincando com fogo

Tenho o maior respeito por esse pessoal que ganha a vida fazendo malabarismo ou vendendo de tudo nos sinais de trânsito da Capital. São, em sua maioria, pessoas hábeis e criativas. Preferiria, evidentemente, vê-las em outros palcos ou no comércio formal, mas, considerando o flagelo do desemprego em nosso país, a informalidade é aceitável, principalmente por parte de quem trabalha de forma honesta. O camelódromo dos semáforos oferece uma diversidade incrível de produtos, que vão da casquinha doce ao balão de silicone com luz de LED. Já os espetáculos oferecidos pelos artistas de rua incluem pirâmides humanas, domínio de bola, manipulação de cones e outros objetos.

Como a maioria das pessoas, sou um espectador compulsório deste show diário, com as minhas preferências e aversões. Admiro, por exemplo, aqueles jovens que fazem embaixadas com uma diminuta bolinha, às vezes demonstrando mais habilidade do que craques da Seleção. De outra parte, torço o nariz para os baleiros que penduram arbitrariamente seus produtos no espelho retrovisor dos carros.

Há, porém, um tipo que me causa apreensão: o sujeito que faz piruetas com tochas de fogo. Talvez seja mais de um, pois já tive o desprazer de observá-lo em diferentes locais da cidade. Não questiono sua destreza, embora já o tenha visto deixar cair no asfalto um dos bastões em chamas. O que realmente me preocupa é o risco de uma tragédia. Automóveis são movidos a combustível inflamável. Com as filas de veículos que se formam nos semáforos, basta um vazamento de gasolina para gerar a tempestade perfeita.

Assim como na Amazônia, não custa prevenir. O menino dos malabares incandescentes que vá brincar de outra coisa.

NÍLSON SOUZA

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