quinta-feira, 22 de agosto de 2019



22 DE AGOSTO DE 2019
FÓRUM DO IRS

Avanço educacional exige ação conjunta

Dimensão em que os gaúchos estão mais distantes do topo no Índice de Desenvolvimento Estadual - Rio Grande do Sul (iRS), a educação depende de uma série de ações conjuntas para avançar no Estado, apontaram especialistas durante fórum sobre o indicador, ontem, na PUCRS, em Porto Alegre. Segundo eles, medidas isoladas não terão fôlego suficiente para provocar retomada e resolver a totalidade dos problemas dentro das salas de aula.

Em sua sexta edição, divulgada no último dia 14, o iRS é fruto de parceria entre Zero Hora e PUCRS. Para medir a qualidade de vida nas 27 unidades da federação, o indicador avalia resultados de três dimensões. Além de educação, padrão de vida e, reunidas, segurança e longevidade, entram no estudo, que contemplou dados de 2017 - os mais recentes à disposição em bases públicas.

No ranking geral, o Rio Grande do Sul caiu da quinta para a sexta posição, ao ser ultrapassado por Minas Gerais. A queda reflete a piora em variáveis de educação. Na lista específica dessa dimensão, os gaúchos despencaram ao segundo pelotão nacional. Em 2017, passaram do 11º para o 14º lugar na área, com média inferior à brasileira.

Mediado pela colunista de Zero Hora Rosane de Oliveira, o fórum de ontem teve a participação de Ronald Krummenauer, secretário estadual de Educação no governo José Ivo Sartori, e Sandra Lemos, vice-reitora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).

Krummenauer observou que, sem ações conjuntas, "não basta apenas aumentar o valor dos repasses públicos à educação", por mais que a medida seja "importante". Em sua fala, o ex-secretário ainda sugeriu a busca por maior "integração" entre as redes de ensino estadual e municipal.

Distorção

Em 2017, uma das variáveis que puxaram para baixo o desempenho gaúcho em educação foi o aumento na taxa de distorção idade-série no Ensino Médio. O indicador subiu pelo segundo ano seguido, de 30,6% para 33,3%. Ou seja, de cada cem alunos, 33 tinham pelo menos dois anos de atraso escolar.

- A distorção vem desde o Ensino Fundamental, quando, por exemplo, um menino deixa de estudar para trabalhar e ajudar a família. Tratar isso desde as primeiras séries é fundamental - disse Krummenauer. - As saídas passam por equilibrar os recursos destinados à área e não tratar a educação apenas como modelo de ensino, mas, sim, de sociedade.

Para Sandra, o Estado vive "apagão" na área. Em sua manifestação, a vice-reitora da Uergs também lamentou a "perda de prestígio" da profissão de professor no país, apesar da importância da função dentro da sociedade.

- Sem políticas públicas de qualidade, não há possibilidade de melhora no quadro. Professores precisam ser consultados. Só acredito em uma sociedade em que todos sejam responsáveis pela educação - afirmou.

O professor da Escola de Negócios da PUCRS e coordenador do iRS, Ely José de Mattos, foi o responsável pela abertura do fórum. O economista destacou que o estudo busca fomentar o debate sobre o nível de desenvolvimento:

- Os resultados não são animadores. Por muito anos, o Rio Grande do Sul foi considerado a Europa brasileira. Hoje, não é mais.

LEONARDO VIECELI

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