quinta-feira, 22 de agosto de 2019


22 DE AGOSTO DE 2019
MEDO EM CHARQUEADAS

Bullying é catalizador, dizem psicólogas


Colegas que fazem a cobertura do ataque de um perturbado emocional a estudantes da escola em Charqueadas relatam que, ao ser apreendido, ele confirmou ser ex-aluno que queria se vingar de humilhações sofridas no colégio.

Nenhum espanto. Agressões sofridas no ambiente escolar foram a motivação confessa e expressa de assassinos que mataram 13 pessoas em Columbine (EUA), antes de se matarem, 20 anos atrás. Foi também o que alegou, em carta, o assassino de Realengo, bairro do Rio, que matou 12 ex-colegas de escola e feriu 22 - episódio que cobri para ZH, em 2011. Nos dois casos, os matadores alegaram desejo de vingança. Falei com duas psicólogas gaúchas, ambas especializadas em suicídio e casos de violentas consequências emocionais. Elas preferem não dar os nomes, em decorrência da escassez de informações sobre o episódio específico, mas ressaltam que o bullying é um dos maiores catalizadores de mortes em série.

É preciso outros componentes de perturbações, individuais, para levar a esses extremos. E o bullying é uma das maiores motivações desses massacres (ou tentativas).

- Em geral, são homens, com agressividade tóxica e dificuldade de lidar e falar de seus sentimentos, além da sensação de que o mundo lhes deve algo - pondera uma das psicólogas.

No caso específico de Charqueadas, chama a atenção que o episódio aconteça um dia depois de outra ameaça de mortes em série, ocorrida no Rio. Tanto lá como aqui o agressor intimidou vítimas com arma branca e com garrafas de combustível para incendiar as pessoas.

Assim como nos suicídios, a tentativa de assassinato em série pode estimular outras pessoas com sofrimento psíquico a dar vazão a instintos ou planos. Mas apenas a notícia não faz alguém matar ou se matar.

- Do contrário, qualquer filme violento levaria as pessoas à loucura. E elas vão para a cama e dormem depois. É preciso mais que um exemplo para um massacre ser tentado ou concretizado - comenta outra psicóloga.

HUMBERTO TREZZI

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