sábado, 1 de agosto de 2020


01 DE AGOSTO DE 2020
POLÍTICA +

Bolsonaro age mais uma vez como camelô da cloroquina

A imagem emblemática do presidente Jair Bolsonaro na visita a Bagé não é, como deveria ser, a da entrega das chaves de um apartamento. Quem se encarregou de ofuscar o que seria o motivo principal da viagem foi o próprio Bolsonaro, ao se comportar como um camelô da cloroquina, medicamento de eficácia não comprovada no tratamento de covid-19.

A imagem está ficando manjada e não tem nem a carga humorística daquela em parece mostrar a caixa de hidroxicloroquina a uma das emas do Palácio da Alvorada. É apenas uma representação simbólica da obsessão do presidente em vender aos brasileiros a ilusão de que não precisam se proteger porque, caso se contaminem, basta tomar a poção mágica.

Em entrevista, o presidente voltou a minimizar a pandemia que já matou mais de 91 mil brasileiros e deve ultrapassar a barreira dos 100 mil na primeira quinzena de agosto. Disse que lamenta as mortes, mas que todo mundo vai pegar o vírus e não há motivo para ter medo. E citou a esposa, Michelle, que recebeu nesta semana o diagnóstico positivo. Questionado sobre a aposta na cloroquina, disse que estudou com médicos o uso no mundo, em especial na África:

- Ainda não temos alternativa. O pessoal fala que não tem comprovação científica. Sabemos que não tem. Mas também não tem ninguém cientificamente dizendo que não faz efeito.

Bolsonaro, que tomou hidroxicloroquina tão logo recebeu o teste positivo, apresenta-se como a prova viva de que o medicamento é eficaz, embora a maioria absoluta dos contaminados se cure sem precisar de medicação ou tomando apenas analgésicos. Os laboratórios que fabricam a cloroquina não têm do que reclamar. Estão vendendo como nunca um remédio até então de uso restrito a pacientes de malária, artrite reumatoide e algumas doenças autoimunes.

ROSANE DE OLIVEIRA

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