terça-feira, 26 de março de 2019



26 DE MARÇO DE 2019
ABRAÇO DE CAMPEÃO

ÍDOLO IMORTALIZADO

Com milhares de torcedores na Arena e choro de Renato, Grêmio inaugura estátua do jogador e do técnico que comandou as maiores glórias tricolores

Gols, títulos e a história do maior ídolo do Grêmio foram imortalizados numa estátua fundida em bronze, de 4m10cm de altura e cerca de 300 quilos, ontem. Parecia até dia de jogo na Arena. Mais de 8 mil pessoas se reuniram na esplanada para ver de perto o monumento em homenagem a Renato Portaluppi. A imagem do atacante que deu os títulos da Libertadores e do Mundial em 1983 e do técnico que conquistou o tri da América em 2017 virou peça permanente do estádio.

Produzida pelos artistas Theo Felizzola, Iouri Petrov e Jamil Fraga, a estátua relembra o momento em que Renato comemorou um de seus gols sobre o Hamburgo (foto ao lado), em Tóquio, que garantiram a taça mais importante já levantada pelo Grêmio. Ainda antes de o monumento ser revelado ao público, o técnico foi às lágrimas. Emocionado, agradeceu ao presidente Romildo Bolzan e aos conselheiros do clube pela homenagem. Mas se derreteu, em especial, ao se dirigir aos torcedores.

- Tenho um carinho enorme por vocês. Tudo o que tenho na vida, agradeço ao Grêmio - comentou o técnico, que ainda completou - Acima de tudo, me orgulho de ser gaúcho. E ter jogado e trabalhado em um clube como esse, um dos melhores do mundo. Queria muito que meus pais (Francisco e Maria) estivessem aqui hoje, para sentirem orgulho do filho que colocaram no mundo. É uma homenagem inesquecível.

Desde o início da tarde, torcedores de diversas partes do Estado chegavam à Arena para reverenciar o ídolo. Foi o caso de Maria de Lurdes Fernandes, 71 anos, que viajou de Pelotas para homenagear Renato. A técnica de enfermagem aposentada ainda mantém viva a lembrança do primeiro título da América conquistado em 1983 sobre o Peñarol, do Uruguai.

- Naquela final da Libertadores, eu estava dentro do Olímpico. Foi um jogo que me marcou para a vida toda - conta a torcedora, que se declara a Portaluppi. - O que mais me marcou foi a lembrança do Renato chegando de Tóquio de roupão. Lembro de toda a trajetória dele no Grêmio. Ele levantou o clube, nenhum outro treinador conseguiria fazer o que ele fez.

A devoção a Renato fez a aposentada Candida Lopes Rocha, 56 anos, ir de cadeira de rodas à Arena. Nem mesmo uma fratura no quinto metatarso do pé esquerdo a fez desistir de ver de perto a homenagem. Ela lembra de um gesto de gentileza que o ídolo teve com ela ainda jovem, em 1983, quando tiraram uma foto juntos durante um amistoso do Grêmio no interior do RS. Seu marido, o militar Ítalo Rocha, 53 anos, com quem está casada há 31 anos, brinca sobre o registro.

- Rasguei a foto por ciúme. Eu tinha de me impor - sorri Ítalo, lembrando da fama de conquistador de Renato.

Mas nada marcou mais a história de Portaluppi no Grêmio do que a camisa 7. Foi com uma réplica do modelo de 1983 com o histórico número às costas que o autônomo Valter Leppa, 51 anos, compareceu à Arena ontem.

- Ele sempre se dedicou ao máximo quando usou 7 - comenta.

A idolatria a Renato também passa de pai para filho. O representante comercial Victor Strassburger, 37 anos, levou no colo Antônio, um ano de idade, à Arena ontem.

- Ele representa o Grêmio, um sentimento. Não sei se vai aparecer alguém que possa substituí-lo algum dia. É importante homenageá-lo enquanto ainda está vivo, algo que ele merece muito - avalia.

ADRIANO DE CARVALHO

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