sexta-feira, 15 de março de 2019



Essa tal felicidade 

A busca pela felicidade é objetivo dos mais antigos dos seres humanos. O bem-estar, o contentamento e a ventura são desejos milenares dos humanos que variaram (e ainda vão variar muito) conforme as épocas e situações. 

Durante dias e noites em períodos de guerra e de paz as pessoas vão atrás de felicidade, ou, ao menos, de momentos felizes, que todo mundo sabe que não existe felicidade contínua. "Tristeza não tem fim, felicidade sim "está no samba de Tom e Vinicius que fez parte da trilha sonora do filme Orfeu Negro, do diretor francês Marcel Camus, premiado com a Palma de Ouro, em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro. 

O filme se baseou na peça Orfeu da Conceição, de Vinicius, com músicas de Tom, marcando o início de uma das maiores parcerias de música popular brasileira. Dia 20 próximo, se comemora o Dia Internacional da Felicidade, evento objeto do calendário da ONU e celebrado em 193 países e 11 territórios. A iniciativa foi de Jayme Illien, ex-consultor especial da entidade. A felicidade tem sido objeto de estudos em universidades, inclusive em Harvard, nos Estados Unidos, onde uma das cadeiras mais procuradas trata do tema e de como viver mais feliz e por mais tempo. 

Após pesquisas e trabalhos em vários países, os estudiosos chegaram a uma conclusão não muito surpreendente: viver mais e ser mais feliz depende, especialmente, de relações humanas com qualidade, de envolvimento saudável com parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e outras pessoas. Comer bem, fazer ginástica, meditar, espiritualizar-se, ir ao médico, tomar remédios, buscar equilíbrio entre o corpo e a mente e ser previdente é claro que são importantíssimos, mas em verdade as relações humanas saudáveis vêm em primeiro lugar. 

"A vida é a arte do encontro", "É impossível ser feliz sozinho", disse o poetinha Vinicius, que viveu intensamente. As pessoas já buscaram felicidade acumulando dinheiro, fazendo coleções de roupas, imóveis, automóveis, latas de cerveja, selos, joias, obras de arte, moedas, filhos, casamentos, medalhas e honrarias e algumas almas especiais colecionaram atos de caridade e doações. 

Com medo da morte, os seres humanos acumulam tudo o que não vão levar no caixão, achando que serão eternos. Ledo e Ivo engano. Há quem diga que a melhor forma de ser feliz e fazer os outros felizes. Há quem diga que a verdadeira felicidade está em coisas aparentemente pequenas, simples, cotidianas e tantas vezes próximas das belezas da natureza. 

Há quem diga que a maior felicidade é o amor, a amizade e o cachorro-quente de festa de criança. Da barriga da mãe até o túmulo, felicidade varia, mas no final as pessoas se vão com poucos cabelos e ilusões. Uns dizem que o primeiro e o último prazer é a comida. Mas nosso primeiro sentido, no ventre materno, é a audição e feliz daqueles que ouviram belas melodias antes de nascer.   

A propósito... 

No Dia Internacional da Felicidade podemos pensar no "ter" e no "ser" e refletir sobre nossos hábitos de vida tão veloz e de consumo tão desenfreado. A felicidade, a natureza e todos nós vamos agradecer. Melhor que pensar muito e refletir demais é olhar o tempo e a vida, na medida do possível, com olhos de criança que vê o mar pela primeira vez ou com olhar de turista sem pressa e sem rumo certo. 

Contemplar a lua, o sol, o mar, as estrelas, as árvores, as flores, o céu, as pessoas e as maravilhas da natureza como se fosse a primeira vez, é bilhete de passagem quase garantido para viajar por momentos felizes. Quando a dor voltar, teremos coisas boas para lembrar, que a memória é onde as coisas acontecem muitas vezes. - 

Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/colunas/livros/2019/03/674107-narrativas-policiais-subversivas.html)

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