quinta-feira, 14 de março de 2019


14 DE MARÇO DE 2019
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A inovação é feminina

O tema definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Dia da Mulher de 2019 foi "Pensemos em igualdade, construção com inteligência e inovação para a mudança". O objetivo é focar nas formas inovadoras para a defesa da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres. Há bastante a fazer, porque, segundo a ONU Mulheres, se mantida a atual tendência, as ações existentes não garantirão a meta de um planeta equilibrado em questões de gênero no ano de 2030. 

No âmbito do trabalho, essa lacuna praticamente não diminuiu nos últimos 27 anos e, segundo a Organização Mundial do Trabalho, em 2018, a probabilidade de uma mulher trabalhar foi 26% inferior à de um homem, uma insignificante melhoria de 1,9% desde 1991. E há uma diferença de remuneração de 20% entre os gêneros, até nos países considerados evoluídos. Mesmo quando dados como os da consultoria McKinsey mostram um resultado 21% superior em empresas lideradas por mulheres.

E isso não é falta de estudo: pesquisa do Fórum Econômico Mundial indica uma evolução na capacitação das mulheres, que hoje são 55% das matriculadas no Ensino Superior. Porém, a presença delas nas ciências naturais, tecnologia e engenharias, especialmente na América Latina, ainda é bem menor. Reflexos disso estão em dados da Associação Brasileira de Startups: 74% das equipes de empresas de inovação são formadas por homens. 

Mas o que é importante para inovar? Empatia, cooperação e ser multitarefa (características notadamente femininas) sobem nos rankings, ultrapassando elementos como foco, independência e disposição ao risco. Estudo divulgado este ano pela Elsevier mostra que a produção de conhecimento gerada por mulheres tem mais conteúdo interdisciplinar, outro fator fundamental para a inovação.

Precisamos avançar muito para a necessária equidade de gênero. Precisamos permitir que as mulheres inovem, usem suas competências e tenham sua justa participação no mundo do trabalho. Mas a grande inovação mesmo, em um mundo onde seis mulheres morrem a cada hora vítimas de feminicídio praticado por conhecidos, ainda é educar para a justiça social.

GABRIELA FERREIRA

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