quarta-feira, 13 de março de 2019


13 DE MARÇO DE 2019
CAPA

Heróis da resistência


BANDA INGLESA SAXON, nome de ponta do heavy metal, toca pela primeira vez na Capital
O que exatamente define a essência do heavy metal enquanto gênero? Distorção no talo? Peso? Letras agressivas? Sim, mas há um outro componente tão fundamental quanto, certo tipo particular de persistência e confiança na própria identidade, que faz com que os fãs amem apaixonadamente um estilo que não é de consumo fácil. Ou que faz com que bandas como a Saxon, que toca hoje à noite no Opinião, siga na estrada fiel a um tipo de som e composição que carrega o DNA do gênero, como em seu álbum mais recente, Thunderbolt (2018).

Embora já tenha vindo várias vezes ao Brasil, esta é a primeira passagem do Saxon por Porto Alegre. A banda, formada em 1976, na região de South Yorkshire, na Inglaterra, foi uma das pioneiras do que mais tarde viria a ser chamada de New Wave of British Heavy Metal ("A nova onda do heavy metal britânico"), uma geração de artistas e bandas que, a partir do fim dos anos 1970, definiria a cara do gênero pelas décadas seguintes. Entre os destaques do movimento, estão nomes que se tornaram conhecidos mesmo por quem não acompanha o gênero com mais afinco, como Iron Maiden, Judas Priest, Venom, Def Leppard, Avenger ou Grim Reaper.

- A nova onda foi uma explosão de bandas vindas da classe trabalhadora, tocando um rock com uma natureza um pouco mais agressiva e que criou toda uma nova geração de fãs de rock. - reflete o vocalista do grupo, Biff Byford, em entrevista por e-mail.

O Saxon tornou-se reconhecido já a partir de seu segundo álbum, Wheels of Steel, em 1980. A banda teve seu período de maior produtividade e sucesso nos anos 1980, com a sucessão de álbuns Strong Arm of the Law (1980), Denim and Leather (1981), Power and the Glory (1983), Crusader (1984) e Innocence is No Excuse (1985).

REPERTÓRIO REFORÇADO COM CLÁSSICOS DOS ANOS 1980

Embora não tenha obtido o sucesso comercial das bandas mais famosas daquela cena, o Saxon cravou seu nome na história tanto pela influência que exerceu em uma série de outros grupos que se tornariam referência no metal, como Metallica, Megadeth e Pantera, quanto por se manter fiel ao tom cru e visceral do gênero.

- Só fomos um pouco menos agressivos no final dos anos 1980, mas depois disso voltamos ainda mais pesados - relembra Byford.

Depois de várias formações ao longo das últimas quatro décadas, a banda é formada hoje, além de Byford, pelos guitarristas Paul Quinn e Doug Scarratt, pelo baixista Nibbs Carter e pelo baterista Nigel Glockler. A apresentação de hoje é a primeira das três agendadas para encerrar a parte latinoamericana da turnê de apresentação de Thunderbolt. Na sexta-feira, a banda toca no Rio, e no sábado, em São Paulo.

Embora a gira seja parte da divulgação do novo disco, poucas músicas do trabalho entraram no setlist de outras apresentações da turnê. As mais constantes têm sido Thunderbolt, a faixa-título, e They Played Rock and Roll, que o grupo compôs em homenagem ao líder do Mötor- head, Lemmy Kilmister, morto em 2015, e ao lado de quem o Saxon excursionou no início da carreira. No restante da apresentação, o próprio Byford tranquiliza os fãs:

- O repertório (do show) terá todas as grandes canções dos anos 80 e de álbuns posteriores.

Nas apresentações na América Latina até agora, o grupo tem privilegiado faixas de seus primeiros tempos, como Wheels of Steel, Princess of the Night, Motorcycle Man e Frozen Raibow. Um pacto de persistência e fidelidade entre a banda e seus fãs.

- Penso que qualquer banda que esteja fazendo álbuns e turnês por 40 anos deve ser respeitada, e uma banda como a Saxon é um farol para bandas mais novas - finaliza Byford.

CARLOS ANDRÉ MOREIRA

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