segunda-feira, 25 de março de 2019


25 DE MARÇO DE 2019
CÍNTIA MOSCOVICH

UM LIVRO SOBRE OS LIVROS


Escrever Ficção: Um Manual de Criação Literária, de Luiz Antonio de Assis Brasil, que tem lançamento interno no Instituto de Cultura da PUCRS hoje, é um daqueles livros que todos que apreciam literatura devem ter à mão. Não que seja uma obra que esmiúce e oriente o passo a passo da escrita, embora já o título diga que se trata de um manual; não que conte uma história, embora possa ser lido um tanto por dia com o mesmo prazer que se experimenta diante de um bom romance.

Na verdade, trata-se de uma reunião de reflexões acerca da arte literária, inquietudes geradas ao longo dos 34 anos ininterruptos nos quais Assis Brasil vem ministrando sua Oficina de Criação Literária na PUCRS - tornando-se o mais longevo e celebrado laboratório de escrita do país. Encomendado por Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, Escrever Ficção conta ainda com a participação de Luís Roberto Amabile, ex-aluno do mestrado em Escrita Criativa, curso que se pode considerar um desdobramento da oficina e que é também programa pioneiro nas universidades em todo o país.

Embora, curiosamente, a oficina se dedique ao conto, modalidade cujas características formais exigem apuro técnico e sofisticação em todos os níveis - o oficineiro que domina o que se chama de "Competência Para o Conto" está, ao menos em tese, pronto para qualquer outro gênero -, Escrever Ficção é estruturado em torno de nove capítulos que acompanham a criação de um romance. 

Um aluno fictício, chamado Thiago (sim, com "Th") procura o mestre com um projeto para um romance e é orientado capítulo a capítulo. São, digamos, "aulas" substantivas, nas quais Assis recorre, por um lado, a autores contemporâneos e clássicos e, por outro, a considerações tão singelas quanto amplas, desconcerto e surpresa que quem frequentou os bancos da oficina se acostumou a experimentar.

Com uma edição caprichada, capa com desenho genial do cartunista romeno-americano Saul Steinberg, o livro está destinado a virar um clássico. Porque, como ele nunca deixou nenhum aluno esquecer e como lembra o primeiro capítulo "Ser ficcionista é exercer nossa humanidade".

CÍNTIA MOSCOVICH

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