quinta-feira, 8 de agosto de 2019


08 DE AGOSTO DE 2019
OPINIÃO DA RBS

O RANKING DOS HOMICÍDIOS


Os dados do Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgados nesta semana são de 2017, há indicativos de que os números vêm recuando desde então, mas os resultados, especialmente os referentes às cidades gaúchas, mostram que ainda é necessário um esforço hercúleo para o Estado ter a certeza de que começa a vencer a batalha contra a criminalidade. Assusta, por exemplo, a constatação de que Alvorada, na Região Metropolitana, teve a sexta maior taxa de homicídios entre os municípios brasileiros com população superior a 100 mil habitantes.

Os indicadores também são extremamente alarmantes para os porto-alegrenses nesse ranking sombrio. É verdade que há um recuo nos assassinatos em relação a 2016, como apontam estatísticas oficiais, mas, no levantamento, Porto Alegre aparece como a capital mais violenta do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na 12ª posição entre as cidades que são sedes administrativas de seus Estados, está melhor apenas que seus pares do Nordeste e Norte. O Rio de Janeiro, que por muito tempo simbolizou o caos brasileiro da segurança, com repetidos casos de tiroteios e brutalidades, teve em 2017 uma taxa de 36 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, 24% abaixo da porto-alegrense, de 47.

O atlas mostra ainda que é na Região Metropolitana que se concentram as cidades com maiores números de mortes violentas. Mas outras localidades importantes do Estado também têm dados preocupantes, como a progressista Caxias do Sul, com uma taxa de 27, o que a coloca no pelotão de 120 municípios que concentraram metade dos homicídios estimados em 2017.

No entanto, em vez de desanimar, os indicadores observados no Rio Grande do Sul, em um período que, junto com 2016, foi considerado o auge da violência, principalmente devido à guerra entre facções, devem servir de alerta e motivação. Para que toda a sociedade - Executivos, Poder Judiciário, Legislativos e entidades civis - concentre ainda mais atenção e energia na tarefa de continuar na luta pela queda dos dados de criminalidade.

Afinal, a violência nunca está sozinha e contamina outras áreas, como saúde, educação e investimentos, configurando-se em um entrave à prosperidade regional. O próprio levantamento do Ipea mostra essa relação perversa. Há um abismo entre o desenvolvimento humano verificado nos 20 municípios mais pacíficos do país, levando-se em consideração o recorte populacional pesquisado, e o das duas dezenas de cidades com maior proporção de homicídios. No primeiro grupo, lamentavelmente, o Rio Grande do Sul está ausente.

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