quinta-feira, 13 de julho de 2017



13 de julho de 2017 | N° 18896 
DAVID COIMBRA

Lula foi condenado porque tinha de ser condenado

É óbvio que Lula tinha de ser condenado. É óbvio que Temer tem de ser condenado. É óbvio Cunha, Cabral, Dirceu e outros tantos têm de ser condenados.

Não por serem eles Lula, Temer et caterva, mas porque o que eles cometeram... bem... é óbvio.

Petistas dizem que não existe escritura que prove que o triplex do Guarujá seja de Lula. Ora, Lula é acusado, entre outros crimes, de ocultação de patrimônio. Já pensou você ocultar um patrimônio registrando-o em cartório? Já pensou alguém passar recibo de recebimento de propina?

A OAS patrocinou reformas importantes no triplex, instalando, inclusive, um elevador, o que não é nada simples. Fez essas alterações a pedido de Lula e sua mulher. Há e-mails, fotos e testemunhos que apontam para essa evidência. O próprio presidente da OAS, Leo Pinheiro, esteve com Lula no triplex, a fim de mostrar-lhe o apartamento. Lula alegou que Pinheiro queria vender-lhe o imóvel. Imagine o presidente de uma gigante que tem 55 mil funcionários, fatura bilhões por ano e atua em mais de 20 países trabalhando como corretor a fim de faturar com um único apartamento.

Querem nos fazer de bobos.

Mas Lula e dona Marisa não chegaram a usufruir do triplex. Quando perceberam a direção que tomavam as investigações da Lava-Jato, livraram-se daquela bomba-relógio. Agora, no sítio do Guarujá, foi diferente. Lula e dona Marisa foram mais de 110 vezes ao sítio, em menos de quatro anos. Aonde você vai mais de 110 vezes em quatro anos? Nem na casa da sua mãe você vai tanto!

No sítio, há barquinho com nome dos netos de Lula, há roupas de Lula, há a adega de Lula, objetos com o nome de Lula e, quando ele saiu da Presidência, sua mudança foi levada para lá. Três empreiteiras se associaram para fazer reformas no sítio. De graça. Por que fariam isso em um sítio de um amigo de Lula?

Querem, realmente, nos fazer de bobos.

Agora passemos a Temer. Cena 1: Temer recebe um empresário depois das dez da noite, sem que o empresário se identifique à entrada da residência presidencial.

Cena 2: Temer diz ao empresário para procurar um determinado deputado.

Cena 3: O determinado deputado aparece correndo com uma mala cheia de dinheiro, R$ 500 mil, mais precisamente. Você já viu 500 mil reais assim juntos, dentro de uma mala? Nunca vi isso. Deve ser de cortar a respiração.

E os defensores de Temer alegam que não existe “materialidade” do crime. Como assim, não existe materialidade? Quinhentos mil dentro de uma mala não é suficientemente material?

Querem, de fato, nos fazer de bobos. Lula já foi condenado. Duvido que o TRF 4, de Porto Alegre, não confirme a sentença.

Temer ainda nem julgado foi. Mas será, em algum momento, e também deverá ser condenado.

O que pode acontecer é eles serem absolvidos no STF. Pode mesmo, você sabe como é o STF. Aí, como já estamos acostumados, nós seremos feitos de bobos.