terça-feira, 25 de julho de 2017



25 de julho de 2017 | N° 18906
ECONOMIA

Gasolina fica mais barata nos pagamentos à vista

POSTOS DA CAPITAL garantem descontos para quem comprar combustível com dinheiro vivo ou no cartão de débito e acirram concorrência por clientes

Pagar o combustível à vista ou com cartão de débito pode revelar preços mais vantajosos aos motoristas. Diante do aumento do imposto sobre a gasolina, anunciado na quinta-feira passada pelo governo federal, alguns postos passaram a reforçar promoções conforme o meio de pagamento. Na Avenida Getúlio Vargas, 525, quase esquina com a Avenida Ipiranga, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, um posto de bandeira BR vendia ontem gasolina comum a R$ 3,859 o litro para quem pagasse com dinheiro vivo ou à vista no cartão de débito. No cartão de crédito, o litro sairia por R$ 0,10 a mais.

– O desconto para dinheiro corresponde às taxas do cartão que deixamos de pagar à operadora. No caso do débito, oferecemos um preço mais baixo porque, mesmo que paguemos taxas, o dinheiro entra mais rápido na conta – explica a gerente Iris Maria Bobrowski.

Encher o tanque de um carro popular com 40 litros no local, sairia R$ 154,36 à vista. No crédito, a conta subiria para R$ 158,36 (2,59% a mais). Deve-se pagar à vista apenas quem tem dinheiro na conta. Ao usar o negativo, esbarra- se em outra “mordida”: o juro do cheque especial, que passa de 13% ao mês, muito acima do desconto.

Na mesma avenida, um posto de bandeira branca oferecia descontos mais audazes: o litro da gasolina comum baixava de R$ 3,789 para R$ 3,609 se fosse pago no débito ou em dinheiro.

– O patrão consegue um preço melhor quando compra à vista da distribuidora e repassa ao cliente – diz o frentista Artur Bernardes.

Nesse caso, encher um tanque de 40 litros custaria R$ 151,56 no cartão de crédito e R$ 144,36 em dinheiro ou no débito.

OFERTAS SÃO TENDÊNCIA PARA DRIBLAR PREÇOS ALTOS

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado (Sulpetro), Adão Oliveira, desde que a legislação passou a permitir a cobrança diferenciada para pagamento em dinheiro, diversos postos passaram a oferecer descontos na gasolina.

– Ainda são poucos os postos que oferecem essa diferenciação, mas a tendência é de que a concorrência estimule outros a seguirem o mesmo caminho – diz Adão.

A nova norma mencionada por Adão vigora desde dezembro de 2016 e é reivindicação antiga dos comerciantes, pois ajuda a diminuir o impacto das taxas cobradas em transações feitas em cartões de crédito ou de débito. Uma das regras é que os comerciantes informem, de maneira clara e pública, a possibilidade de descontos para pagamento à vista. Diretora- executiva do Procon Porto Alegre, Sophia Martini Vial salienta que o comerciante não pode destacar somente o valor à vista nas placas, mas também o a prazo.

Quem pensou em driblar os preços altos recorrendo à Região Metropolitana ou a postos do Vale do Sinos não encontrou o que esperava. Um levantamento nos postos pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), fora da Capital, o melhor preço que se paga pela gasolina é em Novo Hamburgo, cujos valores variam de R$ 3,599 a R$ 3,799. 

Em Canoas, o litro do combustível comum é vendido a partir de R$ 3,899. Em Sapucaia do Sul, quatro de cinco postos pesquisados cobram o mesmo valor: R$ 3,769. Mesmo o posto no supermercado Atacadão, que não é pesquisado pela ANP, mas mereceu a atenção da reportagem porque na sexta- feira vendia gasolina a R$ 3,05, reajustou: passou para R$ 3,499. A pesquisa de preços em Canoas, Esteio, Sapucaia, São Leo e Novo Hamburgo foi feita pela reportagem ontem.

– Os postos da Região Metropolitana compram do mesmo fornecedor que os de Porto Alegre. Então, não se deve esperar diferença significativa – afirma Oliveira.