quarta-feira, 14 de outubro de 2020


14 DE OUTUBRO DE 2020
INFORME ESPECIAL

Justiça gaúcha decide sobre guarda de cachorro em divórcio de casal 

Na separação do casal, emergiu uma polêmica de quatro patas. Por decisão unânime, a 8ª Câmara Cível do TJ-RS decidiu que a disputa sobre a guarda de um cachorro de estimação deve ser mesmo decidida por um tribunal. O processo havia sido encerrado no primeiro grau, onde o juiz entendeu que a inexistência de legislação específica inviabilizaria a ação.

Quando o recurso chegou ao TJ, tudo mudou. "Apesar não haver regulamentação no Código Civil sobre a guarda e direito de visitas de animais de estimação adquiridos durante a convivência de ex-casais, não haveria como negar a nova constituição das famílias, que inclui animais de estimação como se membros fossem", alegou o autor da ação. O argumento sensibilizou os magistrados.

O relator, desembargador Luiz Felipe Brasil Santos, afirmou que, diante da lacuna, os juízes devem aplicar a analogia dos dispositivos relativos à guarda dos filhos. O desembargador Ricardo Moreira Lins Pastl entendeu que o questionamento deve ser julgado sob a ótica da copropriedade, que ocorre quando o mesmo bem pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito.

O presente de Putin a Temer que veio parar no RS 

O livro Michel Temer, a Escolha, lançado essa semana, é uma biografia do poder, escrita com base em entrevistas do ex-presidente ao escritor e professor gaúcho Denis Rosenfield. Os depoimentos foram dados em 2017, durante o mandato, no Palácio da Alvorada, em Brasília. As conversas, também gravadas em vídeo, eram, em geral, precedidas de um almoço que contava com mais um ou dois convidados. Os mais frequentes eram o então ministro Moreira Franco e o marqueteiro de Temer, Elsinho Mouco.

Na obra, prefaciada por Delfim Netto, Temer faz um balanço da sua passagem pelo poder, que começou com o impeachment de Dilma Rousseff, da qual era vice. A frase escolhida para resumir a marca da sua gestão é "como um presidente conseguiu superar grave crise e apresentar uma agenda para o Brasil", uma referência à pauta de reformas que avançou em Brasília.

O entrevistador explica que, apesar da proximidade com o entrevistado, fez todas as perguntas que deveria fazer.

Denis e Temer se conheceram em um evento no Rio de Janeiro, quando o então vice-presidente se apresentou como leitor e admirador dos artigos publicados pelo gaúcho no jornal O Estado de S.Paulo. A partir daí, as conversas foram frequentes. Denis, que teve um papel relevante e discreto nos bastidores do governo, relevou à coluna um aspecto até então desconhecido da gestão Temer. O ex-presidente tinha mais proximidade e afinidade com Vladimir Putin, líder russo, do que com seu colega americano ao longo alguns meses entre 2016 e 2017, Barack Obama. 

Uma noite, durante um jantar em São Paulo, Temer apareceu com um garrafa de vodca, que está para a Rússia como o chimarrão está para o Rio Grande do Sul. "Ganhei do Putin e vou dar para você", disse a Denis, que agradeceu antes de olhar o rótulo com cuidado. Descobriu que a bebida, de ótima qualidade, não era russa, mas polonesa. Nacionalista convicto, Putin deve ter ganho a garrafa e, em função da origem estrangeira, decidiu passá-la ao colega brasileiro. A lógica da política pós-moderna, como se vê, também é líquida.

TULIO MILMAN

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