segunda-feira, 19 de outubro de 2020


19 DE OUTUBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

O TESTE DA VOLTA ÀS AULAS

O Rio Grande do Sul ingressa, nesta semana, em um dos períodos mais delicados da jornada de sete meses de enfrentamento à pandemia de covid-19. A volta às aulas na rede estadual, somada à reabertura de boa parte do ensino privado, representa, ao mesmo tempo, alívio e preocupação. Alívio para pais e mães que precisam cuidar dos filhos e, concomitantemente, sair para trabalhar e garantir seu sustento. A situação atual afeta de forma cruel especialmente os mais carentes. Além dos prejuízos naturais à aprendizagem em um Estado que deixa a desejar em termos de qualidade do ensino, o afastamento prolongado tende a ser uma porta aberta para evasão, comprometendo o futuro de jovens e crianças do Rio Grande do Sul. Além disso, sem a escola, muitos cuidadores acabavam deixando as crianças em ambientes com aglomerações e sem a alimentação controlada oferecida nos colégios.

Já a preocupação com a volta às aulas se justifica porque, mesmo com os números de internações e óbitos em queda no Estado, ainda resta um longo caminho para que estejamos definitivamente livres do vírus responsável, até agora, pela morte de mais de 5,1 mil gaúchos. A segunda onda que hoje assusta paí- ses da Europa e da Ásia deve servir de alerta e de aprendizado para que mantenhamos a preservação das vidas humanas, em todas as suas dimensões, no topo do ranking de variáveis que norteiam nossas decisões.

Nesse contexto, vale saudar o fato de que a volta às aulas, tanto no ensino público quanto no privado, não é compulsória. Ou seja, cabe aos pais a decisão de expor ou não os filhos à convivência com outras crianças, ponderando os ganhos e riscos inerentes ao processo.

É fundamental, em tempos de incertezas, que as autoridades, após vários meses de planejamento, cumpram o prometido e garantam as condições para a reabertura minimamente segura das classes, com equipamentos de proteção individual à disposição de estudantes, professores e funcionários, bem como a adoção de procedimentos rigorosos de desinfecção de mobiliário e de ambientes. Se forem seguidos os protocolos, com regras de distanciamento social, capacidade reduzida das salas de aula e rodízio para evitar grande ocupação dos espaços, os riscos ficarão minimizados.

O essencial é que o planejamento seja executado e a responsabilidade permaneça como norteadora da volta às aulas, o que fica, pelo menos nesta arrancada, expresso no cuidado com os professores pertencentes aos grupos de maior risco, por enquanto preservados de atividades presenciais. É preciso um monitoramento rígido de possíveis infecções e rastreamento para que eventuais casos não se se transformem em novos surtos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou, em agosto, que as perdas na educação causadas pela pandemia no mundo podem levar décadas para serem superadas. Após a longa preparação para reabrir as escolas, os governos e toda a sociedade têm de estar à altura do desafio e, com segurança, começar a minimizar os imensos prejuízos impingidos às centenas de milhares de estudantes, principalmente os da rede pública.

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