quinta-feira, 29 de outubro de 2020


29 DE OUTUBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

A PANDEMIA NÃO ACABOU 

A melhora lenta e paulatina observada nas últimas semanas no número de casos e hospitalizações por covid-19 na Capital foi freada. Com isso, acendeu-se uma luz amarela. Mesmo que as variações possam ser tratadas como uma estabilidade que não escapa aos cenários previstos, o fato é que foi reportada na terça-feira uma alta nas médias móveis diárias de novos casos e de ocupação de leitos de enfermaria em Porto Alegre. Não nas de UTIs. Se não existe motivo para temor exacerbado, uma vez que o aumento das infecções poderia ser esperado com a liberação gradual de mais atividades, com maior circulação nas ruas motivada por vários fatores, entre eles a volta às aulas em algumas escolas, há fortes razões para reiterar que a pandemia não acabou e que ainda não é possível levar uma vida normal.

A situação dos Estados Unidos e da Europa, que assistem ao recrudescimento da crise sanitária, deve servir de exemplo para o Brasil e para o Rio Grande do Sul. Especialmente no Velho Continente parecia que os dias mais duros tinham ficado definitivamente para trás, mas há uma temerária segunda onda em curso, levando vários governos a adotar mais medidas restritivas de circulação. Países como Itália e Espanha estão sob toque de recolher. França e Alemanha anunciaram ontem lockdown parcial. No Brasil, o Amazonas, especialmente Manaus, também volta a preocupar, inclusive com lotação de UTIs.

No Rio Grande do Sul e na Capital, a curva descendente dos casos e internações, principalmente a partir de setembro, levou as autoridades a afrouxar limitações e a liberar cada vez mais atividades. Ter de voltar atrás levaria a prejuízos ainda maiores para a economia. Mesmo assim, os indicadores que norteiam o sistema de bandeiras do modelo criado pelo Estado devem ser o guia das decisões, independentemente de eventuais desgastes políticos e eleitorais. É preciso afastar qualquer risco de reaceleração de mortes, que superam 5,6 mil no Rio Grande do Sul e 158 mil no país. Chegou a hora, portanto, de reforçar os alertas para os cuidados básicos de proteção para evitar um retrocesso.

A despeito do cansaço após sete meses de limitações para tarefas básicas, trabalho e lazer, segue como dever de cada cidadão colaborar para que os números, em breve, retomem a trajetória de queda. Resguardar-se de aglomerações, manter o distanciamento social e hábitos como lavar frequentemente as mãos, usar álcool gel e lembrar da etiqueta respiratória continuam decisivos. Assim como o uso de máscaras. Apesar do desconforto maior com a chegada dos meses mais quentes, é uma atitude que salva vidas. Um novo feriadão se aproxima e é preciso renovar o apelo pela prudência. Nas maiores cidades, nas pequenas comunidades e nas praias, que recebem um grande afluxo nesses períodos, as cautelas não devem ser negligenciadas.

Com a campanha eleitoral em andamento, os próprios candidatos e seus apoiadores deveriam dar o exemplo e evitar ajuntamentos, apertos de mãos e distribuição de santinhos. Enquanto o mundo espera o anúncio de uma vacina segura e eficaz, a única forma de combater uma nova escalada da covid-19 é contar com a responsabilidade individual, para proteger a cada um e a todos.

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