quarta-feira, 28 de outubro de 2020


28 DE OUTUBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

À ESPERA DA NOVA PONTE 

Após reiterados contratempos, atrasos por falta de verbas e revisões de cronograma, típicos das obras públicas no Brasil, parece que os gaúchos poderão finalmente, até o encerramento do ano, utilizar a nova ponte sobre o Guaíba. A promessa é do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que na segunda-feira esteve em Porto Alegre para vistoriar a obra e cumprir outros compromissos. Mesmo que o projeto ainda permaneça inconcluso, pela necessidade de remover cerca de 460 famílias para construir um dos acessos, trata-se de uma importante notícia para o Rio Grande do Sul. Há décadas o Estado aguarda uma opção para a atual travessia, desafogando o trânsito para acessar e deixar a Capital pelas BRs 290 e 116 e minimizando os transtornos que surgem a cada vez que seu vão móvel precisa ser içado.

A nova ponte sobre o Guaíba sempre foi uma obra prioritária para o Rio Grande do Sul. Estima-se que, em seus 12,3 quilômetros, transitarão diariamente cerca de 50 mil veículos. Mesmo que a morosidade tenha sido uma constante, com períodos inclusive de paralisação dos trabalhos, se aproxima agora o momento de usufruir de seus benefícios, tanto econômicos quanto de ganho de tempo para motoristas. Soma-se a essa vantagem a certeza de que o trânsito entre as regiões ligadas pela atual ponte não será simplesmente interrompido, como ocorreu diversas vezes nos últimos anos, por problemas no vão móvel. As obras, iniciadas em 2014, deveriam ter sido concluídas em 2017. Serão pelo menos três anos de atraso, mas não se pode negar que houve esforço dos três governos que começaram e agora vão concluir o projeto, de Dilma Rousseff a Jair Bolsonaro, passando por Michel Temer, contando ainda com a mobilização da bancada gaúcha para reverter os constantes problemas de recursos.

Após a nova ponte do Guaíba ganhar uma perspectiva mais concreta de liberação, restam outras frentes do governo federal no Estado com sérias pendências. No caso do trecho sul da BR-116, a expectativa é de que a duplicação seja concluída até 2021. Mas, iniciada em 2012, deveria ter sido entregue em dois anos. Agora, é o Exército que trabalha no trecho. Ainda mais lenta é a duplicação da BR-290, entre Eldorado do Sul e Pantano Grande. Devido à escassez de recursos, o governo federal, de forma acertada, iniciou estudos para conceder a rodovia e, assim, deixar para o futuro concessionário a conclusão.

Sabe-se que o Brasil é um cemitério de obras inacabadas, verdadeiro sumidouro do escasso dinheiro público. São rodovias, ferrovias, pontes, prédios e projetos de diversas finalidades anunciados com pompa, mas em seguida relegados ao abandono, paralisadas por planejamento equivocado, falta de verbas, irregularidades de toda ordem ou condenadas a andar a passos de tartaruga, levando frustração às populações que seriam beneficiadas. Em regra, deterioradas, acabam custando ainda mais caro para o contribuinte. O investimento em infraestrutura é, de qualquer forma, essencial para o desenvolvimento de qualquer Estado ou país. Com o grave problema fiscal brasileiro, que leva à quase inexistência de orçamento para grandes obras, fica ainda mais claro que a saída mais viável é, daqui para a frente, apostar em concessões e em parcerias público- privadas (PPPs).

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